Querido diário, fui à Ameixoeira ver um jacarandá
Estamos na altura dos jacarandás, que me lembrarão sempre sair da escola, pela Av. Pedro Álvares Cabral até ao carro, a admirar chão e céu em tons lilás, onde noutras alturas havia folhas amarelas caídas e árvores despidas. Eram umas semanas de beleza mágica.
Ainda gosto de os ver, um pouco por todo o lado nesta altura do ano, e ontem fui ver o da Ameixoeira. Ouvi falar nele no podcast "Lisboa e os lisboetas", de José Sá Fernandes, que decidou um episódio a estas fronteiras da capital. Logo no início há uma menção a um jacarandá que fica na antiga Quinta de Santo António, e ontem fui em busca da dita.
Não conheço a Ameixoeira, mas não foi difícil situar a parte mais antiga, e pela descrição feita no podcast, fui seguindo casas e ruas que me pareciam levar até lá.
Pelo caminho, vi ao longe uma bola saltar muro da Academia de Santa Cecília fora. Quando cheguei mais perto da escola, vi a bola sozinha, num largo em frente.
- Olhe, desculpe...Boa tarde, pode apanhar essa bola?
- Ok. - Apanhei a bola, mas a voz era de uma criança numa janela com grades.
- Consegue atirá-la por cima daquele muro?
Olhei para o muro. Alto, mas alcançável, a minha dúvida era o meu jeito ou força para o efeito. Atirei-a duas vezes e das duas a apanhei de volta - menos mal, dispensava o embaraço de andar de rabo para o ar atrás de uma bola. À terceira lá me ocorreu outra forma:
- Já sei. - E virei-me de costas para o muro, para a voltar a lançar.
- Ah, pois é! - Gostei deste suporte da criança que esperava que a bola voltasse ao jogo com os amigos.
Sucesso, lá foi ela.
- Obrigado! Bom fim de semana! - Educado, apreceiei. Devolvia-lhe mais 3 ou 4 bolas.
Segui caminho. Não andei muito até avistar a copa, que só podia ser da árvore que procurava.
Acredito que já tenha sido maior, mais frondoso, mas não deixa de ser imponente. O cenário é idílico, apesar da deterioração da quinta, o que ainda assim contribui para uma decadência bonita.
A vidinha é cá fora, não esquecer.