Martim (o pequeno bully)
O Martim não me é nada. Nada, vi-o umas duas ou três vezes a brincar com filhos de amigos. Mas deu para ver uma ou outra coisa de que gostei muito pouco.
Cara de anjo, enormes olhos azuis, cabelo em caracois grandes e lindos. O Martim tem cara de boneco e comportamento de demóniozinho. Uma peste, e eu não me importo com pestes. Pior são as pestinhas camufladas, os sonsos. E o Martim é desses. Junta-se a um para irritar um terceiro e ri quando isso acontece. Se um adulto chega, fica com cara de santo. Um sonsinho portanto, nada mais.
A culpa não é do Martim. Embora já tenha idade (8 anos) para se saber comportar, e até estivesse a tempo de ser corrigido nas palermices que faz aos outros, mas o patrocínio dos pais não vai nesse sentido. Vejamos.
O Martim é o ídolo do pai e da mãe. Não falo de admirarem o miúdo, adorarem o rebento. Tudo isso é normalíssimo. O problema está quando os pais veneram e alteram a própria vida por causa do Martim (e não, o Martim não é filho único há uns 2 anos). O Martim manda, lá em casa... e na dos outros se o deixarem, manda nos jantares dos pais e amigos dos pais, nos almoços da escola (não nos da escola, mas se não lhe apetece o que há alguém o acudirá), nas saídas, nas viagens, nas férias, nas festas. O Martim está um fedelho mimado e os pais aplaudem e encobrem. Nem vêem, se é que isso é possível. Piora quando o Martim é tratado como crescido durante o dia (para os amigos da escola o Martim é o que "já" faz tudo, é o pioneiro nas coisas de crescido) e bebé à noite (e sobre isto não comentarei mais que isso não me diz respeito, mas fica o vinco feito).
Na turma o Martim é o líder. Um péssimo líder, mas é-o. Há coisas normalíssimas entre miúdos, mas tudo junto, o Martim e os pais precisam de acordar para a vidinha e o resto é conversa. Há tristezas dos miúdos, desavenças entre todos, mas o Martim sai sempre ileso. E não quero com isto dizer que desejo mal ao crianço, mas gostava muito que um dia, um só dia ele sentisse o que faz aos outros.
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