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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Das miudas. No comboio.

Pi, 21.10.13
Vai aqui uma miúda de cabelo turquesa. A sério não digam às miudas que ser a única do liceu com o cabelo azul para ser é cliché há 20 anos, seria matar-lhes o unicórnio. Enviado a partir do meu smartphone BlackBerry® www.blackberry.com

Sudoku

Pi, 18.10.13

Eram os quadrados, mais que as linhas e as colunas. Completar cada um dos 9, precisar das linhas para os confirmar, contular as colunas para os aperfeiçoar. Mas eram os quadrados o que mais gostava de completar.

Nos gratuitos vinham sudokus. Todos os dias recolhia pelo menos dois. Pacientemente, à noite recortava um rectangulo em volta, que caberia milimetricamente na caixa de madeira que era por sua vez do tamanho da lancheira onde levava o feta. Ambas caberiam na pasta e a ordem seria total. Andar de transportes com sacos e saquinhos não. Além disso havia que ser prático.

O comboio levava trinta minutos, o metro outros vinte. O suficiente para resolver os de nível fácil e médio. O difícil tinha dias. Mas eram os tempos ideiais para retirar cuidadosamente a caixa de cima da lancheira, o sudoku de dentro da caixa, poder pousar a pasta, e resolver. Todos os dias dois, um de manhã outro no regresso a casa.

Tinha actualmente um montinho de 20 porque Carolina, uma colega do trabalho, acumulara jornais nas férias e lhos cedera. Deixara-os em cima da secretária e ele agradecera de passagem pela máquina do café, sem tirar os olhos da copo do galão - café a mais seriam horas a tremer. Dois feitos por dia, dois acrescentados, teria 20 por algum tempo. Esta calma e tranquilidade eram a sua base, quase a sua felicid... não, não, a felicidade não podia ser isto. Estava perto, mas não era aquilo certamente. Na verdade, não lhe dava mais prazer fazer isto que o quarto de vigor e a bola com creme aos domingos de manhã, ou reler os apontamentos de História das Mentalidades - as medeivais e modernas, essa era a melhor parte. A felicidade havia de estar perto mas um bocadinho mais à frente.

Hoje uma linha teimava em completar-se mais facilmente. "Não, não, eu vejo-te mas não quero ir por aí" e insistia em completar antes um quadrado, e outro. Sem ordem nenhuma em particular, mas sempre os quadrados antes de linhas e colunas. Que não podia ser, diziam-lhe. Se podia, tantas vezes chegara ao fim por aí. "Não, eu vejo-te, mas não quero até ser vital" e sorria.

Carolina, sentada ao lado no metro como sempre, pensava "Não me vê hoje também. Amanhã tento de novo. Um dia destes diz-me olá".

Ainda a comunicação. Desta feita a Segurança Social

Pi, 17.10.13

Do IEFP nunca tive razão de queixa. Já da Segurança Social não posso dizer o mesmo, estive 4 meses sem receber o que era meu por direito porque alguém introduziu mal uma data e teimavam que tinha sido no IEFP, na minha empresa, na minha cabeça e nos meus sonhos. No fim tinha sido mesmo lá mas ninguém se responsabilizou, ninguém viu e a vidinha continua. Tudo bem. 

Depois veio a saga dos 6% a partir de Janeiro. Todos contribuímos com alguma coisa e os desempregados que já só recebem, primeiro 65%, passados 6 meses 55% do ordenado, passaram a receber 49% do que recebiamos quando estávamos a trabalhar. Todos os impostos a mais são injustos mas permitam que este me toque mais por agora. Vejo birrinhas em todo o lado e o número, o 49% é mais uma, assim não está a maioria do valor do nosso lado, passa por aí. Mas o TC invalidou isto e o valor foi-me (foi-nos) restituído por inteiro em Abril. Tudo bem.

Como este governo (e outros, os outros também tiveram os seus) está cheio de gente muito esperta, redesenhou a medida. E o que eu adoro que redesenhem e me façam de parva... A-do-ro. Ora, medida redesenhadinha e o que se faz na Segurança Social? Não se desconta em Agosto, não se desconta em Setembro, desconta-se em Outubro e... exige-se a devolução de valores retroativos a Julho. Hã? Isto é ou não é brilhante? Isto é ou não é gozar com as pessoas? A carta começa com "informamos que foi apurado, como indevidamente pago, o valor abaixo indicado". E a mim apetece responder "ai foi? tivessem atenção". Isto era o que me diriam se eu não pagasse o que aparentemente devo, se eu faltasse às apresentações quinzenais, se eu não procurasse emprego, enfim, se eu não cumprisse obrigações nenhumas. Eles só têm uma que é fazer as contas como deve ser e mesmo isso fazem mal, mas eu tenho de pagar em 30 dias. 

A comunicação é toda um mimo. Claro que há alternativas. Desde que se justifique muito bem justificadinho que se é muito  pobre, pobrezinho a morrer de fome, e aí talvez - talvez, hã - se possa pagar em prestações. Ou então se se declarar que se recebe um daqueles valores tão indecentes que nem vale a pena falar. 

O resto da carta apresenta alternativas e procedimentos caso queira reclamar, que descontam nas 3 prestações seguintes, o que também me vai dar muito jeito, e ameaças de "cobrança coerciva em processo de execução fiscal" mas isso é só deprimente e não vos vou maçar mais. 

questão aqui não é eu poder ou não poder pagar. Vou pagar - a menos que alguém me diga ou eu veja que há movimento sustentado contra isso - , contrariada e com malabarismos com facturas e outros. A questão é que isto é tudo de uma indecência sem descrição. Desde a medida, ao procedimento da Segurança Social. É tudo de uma falta de consideração pela vida e contas das pessoas que já não tem descrição. Eu não tenho esses 6% de parte a contar com os enganos e apuramentos da Segurança Social. Gostava muito que me sobrasse dinheiro ao fim do mês, mas isso não é simplesmente possível. Sobra-me mês, digamos antes assim.  


Palavrinhadonra que podendo nunca mais na vida quero ser desempregada. Não é vida para ninguém, vão por mim. 

Do português. Pelo IEFP agora

Pi, 17.10.13
IEFP. Segunda sala de espera. De um dos gabinetes sai uma das pessoas que estão a atender. Uma miúda levanta-se de um salto "vinha trazer-lhe o que fiquei de entregar ontem". Que está bem, mas como "aquele senhor tambem estava para atender, vou pedir que aguarde um bocadinho". O senhor intervem: "mas têm coisas a meio é? Não tem problema, acabe primeiro com ela!" Houve risos. E ele insistia "acabe com ela".
E assim se vai rindo pelo IEFP. XoxOxox
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Book sleeves

Pi, 14.10.13
Book sleeves, ou as capinhas são uma invenção espectacular para quem como eu anda com os livros de qualquer maneira. Eu gosto dos livros mexidos, revirados, lidos com as mãos e atirados para o fundo da carteira. Pior é quando são emprestados e se me vai meia personalidade com o cuidado com os livros. Lembra-me uma tira da Mafaldinha em que pai quer tirar uma fotografia ao Gui que está a desenhar deitado no chão da sala, todo sujo, e quando o pai volta está limpinho, de risco ao lado e lápis alinhados. Assim sou eu com os livros emprestados: porto-me bem mas não sou eu. Adiante, book sleeves não resolvem tudo mas ajudam bastante. Alem disso são, regra geral, lindas. O patchwork nasceu para booksleeves por mais colchas que se façam. Não serão um bem de primeira necessidade e acaba por se adiar a sua aquisição... Até se ter o 50 shades of Grey para ler. Isto não é uma censura, escondam se quiserem esconder. O que eu não percebo é esconder-se isso, mas "Pura Malícia", com titulo piroso que dói e uma capa pior ainda, não. Book sleeves quando mal utilizadas, ou pelos motivos errados, revelam as vaidades. Temos quem não esconda se estiver a ler Saramago ou mais recentemento Alice Munro mas jamais seria apanhado a ler à vista de todos um Nicholas Sparks ou um Dan Brown. Mal não tem, somos assim, vaidosos e complexados... Hum? Complexos, era complexos, pois.
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Martim Moniz. A estação

Pi, 11.10.13
Gosto muito. É das estações "novas" provavelmente a de que mais gosto. Os cruzados e guerreiros em mármore, tudo muito simples e eficaz, o próprio Martim Moniz entalado na porta (deixem-me, quero lá saber que seja lenda), ficou mesmo engraçada. Mas só hoje - lá está, pode ser da hora, de o cão estar a olhar, sei lá - reparei que é a do Martim Moniz, o Martim Moniz! E está cheio de Cruzados. No primeiro momento, pensei um "ai, não pode ser...", mas acho que vou rir, pronto.
O motivo pelo qual acredito que HA coincidências é porque assim tem muito mais piada, se fosse propositado tinha zero graça.
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Pode ser da hora

Pi, 11.10.13
Mas a musica da Miley parece-me ok, martelos e línguas à parte. Também pode ser de estar calor no comboio. Do sono.
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Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa concerteza

Pi, 09.10.13

eu só quero desabafar. Também quero um emprego, essa parte é a mais pura verdade. Mas este post é um desabafo. Não um desabafo melodramático, agarrada à almofada, de balde de gelado ao lado, nada disso. Mais um grito sem drama, um disparatar para exorcizar demónios, nada mais. Porque as pessoas ficam logo aflitas ou não ligam quando se fala nisto. Com razão, eu faria ou fiz o mesmo, já não sei. Cada um sabe da sua vida e nem todos estamos desempregados, felizmente.  

Mas quem está sabe como é receber comunicações do IEFP. E eu não tenho tido razões de queixa do IEFP, verdade seja dita. Nem o IEFP de mim, já agora. Mas a comunicação - este ano tudo vai dar a comunicação, eu que acho que a crise nos pôs a falar uns com os outros, e as instituições parece que pararam no tempo com a comunicação -, a comunicação do IEFP deixa muito a desejar. Sempre que me escrevem é para me verem dia tal à hora tal, muito bem dito num primeiro parágrafo, objectivos, curtos e grossos. Depois seguem-se três parágrafos, maiores, de ameaças. Se não apareço sou a pior do mundo e não mereço nada, se não apareço não posso estar neste clube, e não aparecendo e sendo expulsa só daí a x dias posso voltar. Uma espécie de vá pensar no mal que fez para aquele cantinho e depois volte. E até lá fico sem subsídio, claro. A aparecer, é bom que tenha procurado emprego nestes meses em que não dissemos nada uns aos outros e prove bem provadinho, senão lá está, expulsão, castigos e essas coisas. 

É tudo certo, está tudo bem pensado e eu acredito que estas regras e alertas sejam todos necessários. Mas permitam um lado de cá, que se sente constantemente de fato de riscas pretas e brancas e bola no pé, disparate à vontade com isto. Sem drama, juro, até me rio disto, mas é a imagem que tenho. 

 

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Horas de almoço. Carlota Days

Pi, 09.10.13
Como a Carlota almoça na espreguiçadeira, chegada a hora de almoço armo-me de pano, pratos, colher, ponho-lhe o babete e sento-me no chão. Regra geral corre bem, come a sopa toda e a fruta vai indo. Pior são os sonos. Hoje adormeceu e enquanto dorme o restinho que faltou na sesta da manhã escrevo este post. De vez em quando olho para ela, aqui ao lado, que levanta o indicador como a dizer "dá-me só mais um segundo". Aguardo portanto.
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Ah! Dos 15 anos de Nobel a Saramago

Pi, 09.10.13

Que fez ontem, não foi? Dobradela de cantinho ou a memória imediata é: fui sair à noite e por Lisboa já havia cartazes de "Parabéns José Saramago". E eu achei bem. E arrepiante. Foi isto.

Li Saramago mais tarde, comecei pelo "Ensaio Sobre a Cegueira" continuei com outros e ainda tenho muitos para ler. Foi amor para a vida, nem toda a gente escreve assim, decididamente.

 

PS: para mim não há teams, até porque já conhecia e amava Lobo Antunes e mantenho tudo. Manual dos Inquisidores 4ever!

 

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