Ouvi hoje, mas na verdade já ouvi muitas vezes. O tema era sushi, mas podia ser qualquer outro gosto, um filme, uma banda, uma cor. Era de sushi que falavam. Que é a moda, e reconheci-lhe o desprezo, uso-o quando digo o mesmo do gin. Que nunca tinha provado, mas sabia de quem gostasse muito. As outras ouviam-na. Uma contava que o filho da vizinha do primo do r/c direito andava sempre no sushi com os amigos e "dz'que gostam muito". E ela que sim sim, agora toda a gente vai. E eu e pensar que digo sempre que Luis Figo falou em sushi no primeiro ano de Barcelona e ninguém se quer lembrar disso, a Catalunha em especial. Ela de óculos muito bem postos e cabelo impecavelmente esticado de um violino que só a wella, que sim, "é a moda". ~
O melhor, o melhor de sempre nestas conversas é quando as ouvintes querem tomar a vez, ter uma palavra a dizer. Chegou o momento e todas opinavam. Ela atira, no desespero de reconquistar a ordem e voltar a ganhar a conversa, a frase que mais me fascina em questões de gosto (que eu, ingenuamente continuo a achar que é subjectivo, cada um tem o seu e que seria o mundo se todos gostassemos do amarelo ou eu tivesse de escolher um só favorito no calcio): "mas atenção" - adoro, todas respeitosamente na expectativa do que ali vem e parece sério, solene e sóbrio - "também é preciso saber gostar".
E é isto. Não percebo. Nem quero. Suponho que queira dizer que é preciso saber o que se está a comer, ou onde estão os melhores makis e teriakis. Mas não foi isso que ela disse. Ando mais despenteada, mas gosto do que me apetece, sem me preocupar se sei gostar.
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