Da pateada
Eu juro juro que não tenho - pode parecer, às vezes pode - 80 anos. Eu, ó filhos, que às vezes twitto em ó filhos mode, não tenho essa idade toda nem a sabedoria que com ela havia de vir. Mas para mim pateada, o bater com os pés no teatro, num concerto, num bailado, no que quiserem e gostarem de ver, sempre foi sinal de desaprovação. E cresci com públicos simpáticos, tanto que nunca ouvi uma pateada com esse significado.
Mas por algum motivo, de há uns anos para cá, é normal bater-se os pés a pedir encore por exemplo. Não entendo, juro. Desata tudo a bater os pés em sinal de agrado. Mas como foi esta reviravolta?
Ontem fui assistir ao concerto da Lisbon Film Orchestra e lá se voltou a ouvir (músicos incluídos) o bater de pés. Confirmei com os dois amigos com quem estava, para não me sentir tão só. Também conhecem a pateada como manifestação de desagrado, e também não percebem bem isto.
Um assobio tanto pode ser de celebração como de protesto. Palmas são palmas. Apupos são apupos. E eu achava que pateada era pateada. Aparentemente já não o é. Mas recuso-me. Tra lalala