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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Do matar saudades. Um condensado

Pi, 30.07.14
Casas da lupa, o monte que conheci desta vez pela costa vicentina. Despretensiosas, práticas, com tudo o que precisamos, bom gosto, excelentes pequeno-almoço e merendas, é assim que se nos apresentam estas casas.  As chaves e outros elementos decorativos são lupas, é Lupa é também o nome da estrela da companhia, o que encerra o trocadilho "casas da lupa" num círculo engraçado.  O pequeno-almoço é óptimo e querendo-se pode ser um banquete, é só dizer sim ao que é oferecido. Há à espera sumos, pão,  manteiga e doces, leite, café e cereais. Chegam croissants quentinhos e estaladiços à mesa, e perguntas sobre ovos, bacon ou panquecas. Não consigo pedir tudo mas os meus olhos brilham e a minha alma flutua perante tal serviço. Sim, o provincianismo em mim manifesta-se, diria histericamente, às palavras "pequeno-almoço de hotel". Até a expressão soa parola, senhores, mas é tão bom!  A quem tem animais: podem levá-los convosco. Lupa, a cachorrinha rafeiro alentejano com um ano e tamanho de pequeno urso, guarda a propriedade e recebe de bom grado os outros animais, se os donos assim o entenderem (também podem ficar nas casas, com espaço e chão em pedra a contar com eles). Charlie, o gato amarelo riscado, invade se puder mas não chateia nada. E passa o dia, típico gato, a preguiçar. Apresentado o espaço, fechado o capitulo animais de estimação, passemos ao resumo do meu fim de semana.  Matei as saudades de Odeceixe - aquele mar nunca desilude - e do Carvalhal, matei saudades do "barão da praia", matei saudades da Barca, do seu queijo de ovelha e suas migas. Matei saudades da sensação de férias, juro. 

O barão. O barão foi assim baptizado por mim já há uns anos,  quando me apercebi do seu domínio do espaço, quando reparei na reverência dos banheiros, que lhe cediam de pronto o lugar na cadeira à beira mar. Não interessa especificar muito, a magia da zona também é só quem conhece saber do que se fala. Estimo muito o barão, ali não era ali sem ele, na minha cabeça o barão junta um imaginário Joanne Harris e Martin Scorsese que torna o que talvez esteja tão errado em algo irresistível de romancear.  Ora o barão foi primeira visão que tive mal pus o pé na areia. Foi perfeito, barão estava em pleno exercício de funções na gestão do areal, não podia esperar melhor reencontro. 

Em suma, do fim de semana: sabe sempre a pouco por ser tão bom, mas deu para tudo. Obrigada N e Vi! 

Já cá deixo fotos, que isto também é blog com imagens. 

Enviado de Samsung Mobile

Átila for dummies

Pi, 22.07.14
Combinámos às oito e meia, e achei que era para não atrapalhar o dia. Muito bem, oito e meia, também eu tenho um dia e prazos pela frente. Quarenta e cinco minutos depois ainda espero. Há alternativa mas esta prefere aguardar mais um pouco. Combinado, não tem sido fácil o contacto e agora não saio daqui sem o objectivo cumprido, espero então.  Espero de pé, numa das mesas altas, e começa a maçar-me a posição - ando bem km a pé,  estar parada é sempre o pior - e lembro-me de Átila, o huno.  Átila, como bom huno que se preze, praticamente nasceu e viveu a cavalo. Os hunos eram medonhos, de carrapito no alto da cabeca rapada e cobertos de pele de rato. Li isto algures e pode bem ser só romance. Certo é que Átila seria um bruto e pouco civilizado para apresentar aos pais, mas era um estratega - além disso, a menos que tenham jogado Age of Empires e Bleda vos diga alguma coisa, é o único huno de quem sabemos o nome por algum motivo. Átila recebia os cônsules romanos a cavalo, e eles, moídos e aborrecidos, ansiosos por voltara ao conforto da tenda e sandálias no chão, cediam mais facilmente.  Lembro-me muitas vezes de Átila, sempre que alguém está no domínio de território penso em Átila, o flagelo de deus, descontraído mas imponente, a negociar a vida a cavalo. Já vi Átila aplicado mas nunca tão literalmente, continuo de pé à espera. Só me falta o cavalo, mas o huno nesta baiuca sou eu.

Enviado de Samsung Mobile

Dos pés à solta por aí

Pi, 21.07.14
Chega o Verão e ando de pés de fora, umas pintadas e dedos à mostra. Não sou caso único.  Usar sandálias nunca me fez confusão excepto em duas situações: discotecas - mas nunca deixei de as levar - e concertos. Só recentemente não uso nos segundos.  Não sendo sandálias de uso exclusivo de mulheres,  eu esperaria destas maior solidariedade. Porquê, não é? Raramente o somos com estranhas, só as que nos são próximas é que estão entre as bafejadas com o sopro da virtude, para quê pensar no presunto desta que não me é nada? Pois basta terem uns sapatos fechados calçados que não querem saber. Só pode ter sido por isso que há pouco, à saída do metro, uma me deu um pontapé no calcanhar que me fez dar com o dedo grande no mocassin do rapaz à minha frente. Tinha pressa, coitada. Estávamos todos para sair,  mas ela tinha de mostrar mais urgência. Não vi estrelas, se fosse o dedo pequenino tinhamos tido gritos e possível safanão a estranha pela manhã. 

Enviado de Samsung Mobile

Alive. Isto não é da música

Pi, 11.07.14

É só um momento, uma ínfima parte de todas as horas que um festival tem.  Na mudança de palcos, na ida e viva que muitas vezes se cruzam, ontem houve o congestionamento. Caras, pés, cotovelos, para lá, de repente para cá, grupos a achar que tinham a solução e o caminho certo, e entravam na diagonal para cima de todo o magote. Subimos um degrau, abriu-se nova passagem ao pé de nós. Gnus, lembravam-me gnus (pensei Mufasa pensei, mas adiante). Voltámos a aventurar-nos e mais uns encontrões, pouco avanço. Mais gente decidida sabia lá para onde, só sabiam que iam. No casos avistamos quatro palhaços, cada um mais alto que o outro. "Olha, palhaços. Isto é Lynch: 'no meio do caos avistei palhaços' " Plantámo-nos ao lado deles e por esses instantes nada nem ninguém nos tocou.  E foi assim que me senti ir do Rei Leão a David Lynch em Algés. Xoxoxoo Enviado de Samsung Mobile

Em dia de Alemanha-Brasil

Pi, 08.07.14

Cidadão brasileiro na caixa do supermercado. Senhora portuguesa cumprimenta-o e pergunta:

- então está a preparar-se...

- tem de ser...

-...para ver as duas? 

- que duas? 

- oh! a Angela e a outra. 

- a Ângela? 

- a Merkel e a Dilma!

- ah...

 

Não, pessoas, quem vê o Mundial pelo Mundial não faz este tipo de associação imediatamente. Não é por não saber, é mesmo por não querer. 

 

Enviado de Samsung Mobile

Há muito disto quero crer

Pi, 07.07.14

Eu não sei se isto acontece muito a adultos, ou se sou eu que ainda trago comigo resquícios de adolescência - quer dizer, disso não tenho dúvidas, mas falo dos episódios disparatados como o que se segue. 

Chamemos-lhe Sónia. A Sònia trabalhava no mesmo edifício que eu, tinhamos amigos que tinham sido também colegas comuns. Sempre que a Sónia se cruzava comigo e um desses amigos comuns, parava a conversar, e ele apresentava-nos. Sempre. Porquê sempre, não é? Porque a Sónia fazia sempre o mesmo número. "Conheces a Marta..." e a sonsa... a Sónia, peço desculpa, "Não."

E isto podia passar-se em dois dias seguidos, ela fazia questão em mostrar. Não era distracção, não era não me reconhecer, era uma doença mental qualquer ou pura má criação. A coisa resolveu-se porque comecei eu a fazer que nem a via ali à minha frente.  

Eu sei que há pessoas que marcam logo, ninguém as esquece. Sei que não sou assim, mas também sei que não sou o Mr Celofane. Isto seria talvez o mesmo que o que acontecia no elevador onde tantas vezes um bom dia caía no vazio, já todos passámos por essa experiência. 

Seja como for, ainda ontem falava com o J, que tem sete anos, sobre "Olá, diz-se sempre, não é? Podemos até nem falar muito com toda a gente que está, mas olá dizemos sempre" e ele, sábio, concordou. Fiquei mais descansada por não ser um conceito em desuso. 

 

Numa outra nota: hoje vi a Soninha e os seus pés 45 fora das sandálias. XOxOXO