Troveja. E eu
Enviado de Samsung Mobile
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E é isto.
Eu e a T somos amigas há muitos anos. Desde os 15 anos que somos muito amigas. E somos e sempre fomos amigas sem precisar de agradar uma à outra em gostos e outros. Sempre fomos diferentes, temos gostos opostos em quase tudo, mas destaco a música e o tipo de homem. E aqui resume-se a nossa divergência numa só pessoa: Tony Carreira. A T sempre foi fã, desde que me lembro, desde que ainda havia Made in Portugal na RTP e ele cantava o "Ai destino" que ela o achava lindo e cantarolava as músicas dele. Made in Portugal que eu também fazia questão de ver, proporcionava bons serões no café ao domingo à noite com os amigos e em casa com o meu irmão: cantávamos, comentávamos, riamos. E o objectivo em tudo na vida devia ser rir.
Depois não posso deixar de parte a contribuição do meu irmão para o meu conhecimento das músicas do senhor. Tudo junto ainda foram umas horas valentes de letras e melodias a entrar-me ouvidos dentro. E estas músicas entranham-se. Instalam-se e ficam-nos na memória, um dia acordamos e estamos a cantarolar também. Sem dramas, até acho graça.
De lá para cá, o Tony Carreira é o fenómeno de popularidade que se sabe, e eu acho fascinante estar tudo pensado ao pormenor, até ao botão da camisa que deve estar fechado ou não, um rapaz romântico e atinado na camisa e no penteado, o sonho de mães e sogras, filhas e noras. Acho piada, pronto, não ofende, não maça, e há de facto público para tudo. Este público também merece ter os seus dias de corrida a bilhetes e noitadas para ter lugar.
Voltando à T, vem de há um tempo a conversa "um dia vais comigo ver o Tony, eu ofereço o bilhete!" e eu, está bem. Foi assim que chegámos ao dia de hoje, estão comprados os bilhetes para dia 1 no Meo Arena. E vou, vou com todo o gosto acompanhar a minha amiga no que ela já diz que vai ser o "terceiro melhor dia da minha vida!"
Depois faço reportagem em post. Entretanto, vou ensaiar.
"Tudo aquilo que sou, um menino sonhou e hoje eu vivooooo..."
Há um tempo estava no hospital de dia, junto à recepção, e a Nonô chegou com a mãe. "Joaninha, posso entrar já?", impressionou-me o tom crescido e o à vontade de quem sabe como se movimentar ali.
Não devia ser assim nestas idades, não podia ser assim.
Eu conto. E guardo aqui. Porque um dia a vida será sem episódios destes e eu vou rir e pensar "mas que disparate era aquele de achar que era a Bridget Jones?". A manhã não estava fácil. Além da pressão diária que venho a sentir, notícias menos boas chegaram via chats e redes sociais. Aquelas coisas que ainda não matam mas já ultrapassam o moer. Estava a ser uma manhã nublada no mínimo.
Não melhorou, mas nem eu consigo levar-me a sério quando me acontecem estas coisas: fiquei fechada na casa de banho do trabalho. A fechadura está solta, eu dei a volta à chave, esta veio atrás da minha mão e caiu no chão. Do lado de fora. Como é que eu faço esta coisas? Não sei, mas fazem estudos sobre tudo, podem avançar com mais este. Primeiro pensamento: aguardar, alguém há-de chegar. Segundo pensamento: a abordagem. Ainda não tenho muita confiança com as pessoas, ainda não as reconheço pela voz e passos, muito menos pela forma como abrem portas. E entrando alguém, que digo? “olhe desculpe, não sei quem está aí, mas pode ver se está uma chave no chão?" e as pessoas perceberiam logo, não pensariam que eu estava ao telefone? Eu nunca levo o telefone para a casa de banho e muito menos falo em tal local, mas nós não nos conhecemos, sabem lá se sou pessoa de estar ao telefone ali. Mil e uma hipóteses me passaram pela cabeça e nem uma pessoa apareceu. Que fazer? Começar a chamar nomes aleatoriamente? Bater na porta? Dizer socorro estava fora de questão. Subir e saltar o cubículo? E se alguém aparecesse nesse preciso momento? Ainda bem que ninguém me esperava para almoçar hoje. O almoço! Todos iriam almoçar e eu ficaria ali até às duas da tarde.
Não subi a porta mas desci-a. Como não chega ao chão, quando o pânico social passou lá consegui raciocinar. A chave não tinha demorado a cair nem feito barulho de ir longe, "pode ser que esteja perto". Baixei-me, espreitei e ali estava, perto da porta, e a uma distância que com esforço consegui superar. Não sem antes pedir ao deus dos braços curtos e pulsos gordos que se deixasse de gracinhas nesta hora. Abri a porta e saí no preciso momento em que chegou alguém.
- olá, bom dia.
- olá, tudo bem? Até já. Enviado de Samsung Mobile