Outono. The full experience
Não não, eu não sou fã do cheiro a terra molhada, do outono todo cor de folha a cair, galochas e frio a chegar. Eu gosto do Outono como gosto do Inverno: aprecio os conceitos, as modas até, gosto de os ver lá fora comigo em casa, mas preferia viver sempre com sol e calor. Está desfeito o drama, avancemos.
Do que eu gosto mesmo é das castanhas e batata doce assada. As castanhas já não são o que eram, dizem-me. Que envoltas e cartuxo de lista telefónicae é que sabiam bem. Pois eu gosto delas também nestes pacotinhos que agora há, e até trazem um extra para as cascas (estou tão pouco habituada a civismos que a primeira vez achei que era engano, tinha vindo colado ao das castanhas). E assadas em casa, pois sim, claro. Mas aquele salzinho na casca das de rua, só mesmo nessas consigo.
E a batata doce? Notem,escrevo isto enquanto ao meu lado, fumegantes, três pedaços de batata doce escorrem amarelo. Não escorrem, vá, não é literal. Mas é uma imagem que gosto de alimentar. Sempre fui pela batata doce, o meu São Martinho sempre foi mais batata doce que castanhas, eram tabuleiros de batata doce em casa dos meus pais. Ai eu sei, eu sei que agora comemos batata doce com tudo, já não é só a Madeira a perceber isso, e ainda bem, mas esta é uma memória minha. Lavo a batata - deve ser o alimento que com mais terra nos chega, senhores - corto-a em pedaços e, requinte de malvadez, faço uns golpes na polpa. Vai ao forno polvilhada com sal, cascas para baixo, três quartos de hora a 180º. A magia acontece. Quando a vou buscar, está amarela, ali no limite do começar a derreter e escorrer amarelo pirex fora.
O meu Outono é um bocadinho isto.