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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Dia 3. A Lena do bibe encarnado

Pi, 03.01.17

No João de Deus, onde andei dos 3 aos 10 anos (para sempre na minha cabeça, ou "pela vida fora João de Deus"), a referência para anos diferentes é a cor do bibe. Quem lá andou ou anda, orienta-se assim -"estávamos no bibe castanho", "em que bibe andas?", "Qual é o teu bibe este ano?", é uma coisa que nos fica, lá  está, pela vida fora. 

A Lena do bibe encarnado era uma das educadoras da altura em que eu estava no dito bibe (o dos 4 anos). Não era a minha, mas acompanhava os almoços, ficava connosco em alguns recreios, e por isso havia contacto. 

Eu tinha medo da Lena. A memória que tenho é de uma senhora um pouco ríspida, apesar de me lembrar de a ver sorrir - um sorriso de lado, só com um canto da boca -, de poucas palavras connosco. Tive um episódio com ela que me ficou sempre: uma vez, ao almoço, pus de parte o bocadinho mais apetitoso do peixe (quem nunca?) para ser o último. Aquele estava mesmo bom para ser o último a saborear. A Lena, que estava na supervisão dos almoços, apareceu por trás de mim, pegou no meu garfo, e misturou o peixe todo, enquanto dizia "o peixinho é para comer todo!". E eu chocadissima, mas em silêncio, que nem me atrevia a responder a adultos, muito menos aos que me metiam medo. Lembro-me que o meu pensamento imediato foi: "Nãoooooo! Eu não sou aqueles meninos que não gostam de peixe!".  E não era. 

A Lena tinha um dom: contava histórias como ninguém. Naqueles intervalos em que não podíamos ir brincar para o jardim, e ficávamos no salão, contava-nos histórias. Era uma narradora nata, tinha o tom certo, a entoação perfeita, fazia cada personagem sem grandes teatros mas de uma forma que eu, ainda sem saber ler, os vivia como os dos livros que li mais tarde. Contava-nos histórias, e eu ficava presa em cada palavra até ao fim.

Ouvi "A guardadora de patos", "A princesa e o sal", entre outras, muitas vezes. A que me marcou mais, tanto que nem a versão Disney a suplantou, foi "A Bela e o monstro". A Lena contava-a tão bem, que eu via a fera (não sei se ela não lhe chamaria fera) nas suas torres, serpenteando e perdendo a pele no fim da história. Ontem vi uma rosa numa cúpula de vidro, anunciando a nova versão de "A Bela e o monstro", e mais uma vez me lembrei da Lena e os recreios em dias de chuva, a ouvir histórias.  

Nos bibes que se seguiram, gostava sempre de tudo, mas tinha pena de já não fazer parte daqueles intervalos de histórias de encantar - ficaram sempre no bibe encarnado. Era encantada que eu ficava, juro.

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Dia 2 In love with food

Pi, 02.01.17

Ainda não sabia onde passaria a meia-noite, e já tinha feito a minha resolução de fim de ano: encomendar um bolo In Love With Food

Escrevo este post deitada no meu sofá, enquanto recordo o bolo merengado com creme de chocolate. Já lá vamos. 

Conheço a Antónia e o Luís, destas andanças virtuais já desde 2009, e fui acompanhando este delicioso projecto quando apareceu. Este sábado, sob pretexto de ir buscar o dito bolo, conhecemo-nos pessoalmente. E é tão bom conhecer quem, de alguma forma, já faz  parte do nosso dia a dia, pelas redes sociais. Fica connosco o momento, a repetir. Avancemos para o bolo então. 

Quanto a Antónia mo mostrou, o cheiro a chocolate serpenteou pela sala. Como se eu fosse um desenho animado, e ele se me enrolasse em volta de toda a cabeça. 

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Já à mesa, em prato digno de um bolo assim, fez um brilharete. E é igual às fotografias que tinha visto e me tinham feito decidir. Na hora de o partir... O som, senhores, o som! O merengue estaladiço, e o creme a amortecer o golpe num "pof" abafado. Maravilhoso.

O sabor. Bom, não será novidade dizer que todo ele sabe a chocolate. Se forem chocoholics, atirem-se de cabeça. Se não forem, experimentem-no uma vez na vida. Ou um dos outros, igualmente deslumbrantes, que estão em In love with Food. Quem provou não esquecerá, prometo. 

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Dia 1

Pi, 01.01.17

Durante o dia, ideias que passam - às vezes passam mesmo de vez - para o primeiro post do ano.

Um tema do quotidiano, ou um marco por ser 1 de Janeiro? Crítica de costumes, ou fait divers? Proponho-me e assumo já o desafio de leitura, ou vou com calma com as imposições?

Aqueles desafios de fotografias, uma por  dia por exemplo, gosto de acompanhar mas nunca me meti nisso. Há pouco tempo vi o da fat mum slim. Era só para Janeiro, não exigia um ano de imagens, parecia óptimo para experimentar. Dia 1, o tema é a nossa cor favorita. Como assim cor favorita? Uma? E definitiva? Tem de ser para sempre, ou pode ser a do momento? E pronto, fiquei neste ponto, ainda não sei se me decido até às 23:59.

Pensei impor-me no título um 1/365. Mas não quero que o título pareça uma regra ou obrigação (pareceria?). Deixo aqui no meio do texto, e logo se vê. 

E assim está feito o post de dia 1. Pensar alto em post dá nisto. Prometo não fazer batota amanhã. 

 

Ps: não há limite máximo para posts, apenas mínimo 

2017. First we take Manhattan

Pi, 01.01.17

Eu sei, não se fazem balanços de ano velho, já em ano novo, mas eu não fiz o meu antes e apetece-me agora.

Sim, 2016 foi terrível nalguns campos, cheio de golpes na nossa nostalgia e mortandade nas nossas referências. É um facto.

Pessoalmente não me posso queixar. Foi um ano cheio de novidades, das boas, diverti-me inclusivamente a trabalhar (e muito), vi textos meus publicados, vi as minhas pessoas felizes e estive feliz quase todo o tempo. Mais anos possam ser assim.

Pode ser da hora, pode ser da festarola, mas como resolução de ano novo (nunca as faço, não me organizo nas resoluções, quanto mais na concretização), vá virei diariamente escrever alguma coisa.

Bom Ano, um grande 2017!

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