É tanto tempo que nem dá pra pensar
O meu primeiro concerto foi dos Xutos. Em julho de 88, perante uma paixão assolapada que tinha começado um ano antes sensivelmente, com "Contentores", e já ía em "Doçuras", a minha mãe comprou dois bilhetes para irmos ver Zé Pedro e cia ao pavilhão "Os Belenenses".
Em 88 eu tinha 11 anos. Senti perfeitamente que era uma criança ali no meio, mas era uma criança que estava num concerto de Rock, daqueles mesmo mesmo a sério. A certa altura, no meio daquele desfile de músicas que eu sabia de cor, o Zé Pedro passa para a frente, e canta "Submissão". O meu coração nem aguentava tanta emoção (na altura nem quis saber do timbre): além de tudo o resto, ele cantava! Aquele "olhó Zé Pedro" do Kalu, no final, ficou para sempre na minha memória.
Guardei durante muito tempo uma entrevista, julgo que no Expresso, onde estava a minha fotografia preferida (pelo menos lembro-me dela assim) do Zé Pedro. Uma outra vez, estava a estudar Matemática e os conjuntos, e o Zé Pedro apareceu na tv, numa campanha do Pirilampo Mágico. Nunca o Pirilampo me pareceu tão rockeiro e cool.
Depois fui crescendo, e como para muita gente, os Xutos ainda eram os Xutos, mesmo que não os fosse ver a todo o lado. Admito que me desiludi um pouco na fase "cervejola para ver a bola", mas fiz as pazes pouco depois, o que estava para trás era maior, bem maior.
Não era preciso falar muito nele, ou incluí-lo em listas de preferências: o Zé Pedro estava ali, era para sempre.
E será.