Querido diário à segunda
Hoje senti-me no MasterChef: cortei-me no espiralizador. Só reparei quando a courgete ficou cor de beterraba. Quis gritar "nurse!", mas fui forte.
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Hoje senti-me no MasterChef: cortei-me no espiralizador. Só reparei quando a courgete ficou cor de beterraba. Quis gritar "nurse!", mas fui forte.
Então e isto do Ronaldo agora, hã? Grande chatice e assim (eu a tentar parecer descontraída e imparcial no assunto).
Até onde sabemos, a verdade é uma de duas e só duas pessoas a podem saber, embora pelo que li, já tenha sido admitida a pior parte (que burrice, que burrice tão grande se pode fazer em segundos) por ambos. Não me interessa que já não haja dúvidas para uns, que pareça impossível para outros, eu não me sinto capaz de escolher um lado, muito menos escrever sobre isso. Não consigo estar aqui a escrever como se ele fosse culpado, nem como se ela fosse uma mentirosa, não me cabe decidir isso nem eu quero.
E sim, eu li o artigo no Der Spiegel. Custou, mas enfrentei, não estou aqui a falar de cor. Ali é descrito um serão como tantos outros, tirando obviamente a parte que se passa no quarto, que só as duas pessoas presentes podem confirmar. O que quero dizer é que não me custou nada acreditar naquele relato, nos diálogos, nas circunstâncias e inconsequências (na burrice, que burrice se assim foi que tudo se passou).
- Meu ric'menine me perdoe, só eu sei o quanto não quero que seja verdade. Meu ric'menine... não mo levam preso que eu não deixo, levem-me antes a mim.
Verdade verdadinha verdadeira, e onde eu queria chegar, é que tem esta história servido para ver o que se pensa por este Portugal sobre sexo em geral, mulheres em particular. E eu até entendo, juro que entendo, que a tendência, o primeiro impulso, seja pensar que se estão a tentar aproveitar do nosso menine (valha-me Deus, se sei tão bem o que é querer logo não acreditar e insultar a outra parte). Mas não pode haver dois pesos e duas medidas só porque simpatizamos com uma das pessoas. Acima de tudo, não pode tentar-se justificar uma (alegada, vá) violação com um vestido, uma dança, uma subida a um quarto. Não. E não é não. Percebem o que fiz aqui?
- Ai não mo levam não preso que eu não deixo, antes a mim!
Pior ainda é perceber pela conversa de café que tem havido sobre este assunto, que os preconceitos, machismos e misoginias das pessoas ficam à vista tão facilmente, não é preciso nada para que saia cá para fora a grunhice e a ignorância. Por outro lado, é a melhor forma de sabermos onde andam. Faz-se-lhes um circulo em volta a segue-se com a vidinha, evitando estas criaturas que parecem saídas de uma caverna. Sou a primeira a querer que seja mentira, mas não sejamos primitivos.
Já nem vou falar do que se ouve pelas TVs, de pessoas que sabem que falam para muita gente, e se sentem à vontade para ridicularizar uma possível vítima, ou do que se leu já esta semana e que podemos resumir como a teoria da "com essa mini-saia estavas a pedir". Falar logo, atirar pedras para defender os nossos é fácil, difícil é esperar ponderadamente pelo que aí vem. Difícil é decidir o que, a sér verdade, se pensa daqui para a frente. Difícil é pensar que por uma estupidez, uma burrice tão grande, se terá de repensar toda uma pessoa. Ou não, lá está, a esperança é a última a morrer.
- Riqueza que se isto tudo se volta contra ele, não sei que faço à vida. A mim, a mim é que levam!
Estamos muito atrasados no que toca a respeitar a sexualidade do próximo. Ou no conseguir disitinguir que nem tudo o que acontece aos nossos ídolos tem de ser defendido com unhas e dentes, doa a quem doer. Felizmente não seremos nós a julgar e sentenciar quem tiver de ser, porque isso sim, seria o fim do mundo. Por cada simpatia um perdão. Era o caos.