O pé de Koeman, o cigarro e o polegar
Faz hoje anos o Ronald Koeman. Em 2012, já na altura muitos anos depois de ter tido um ou dois posters dele no meu quarto, tanto tempo depois de eu apesar de respeitar um Real, torcer um bocadinho mais pelo Barcelona do Cruyff, muito por causa deste holandês que é até hoje o meu central de referência (sofro muito de lá para cá, eu sei).
Recordei então:
O polegar, o cigarro e o golo de Koeman
Eramos crescidas, nós. No café, eu e uma amiga. Sempre. Mais amigos de vez em quando. Os grupos iam-se formando e misturando ao longo dos meses. Eramos todos “da Manica”.
Jogavam Real e Barça e ficou uns 5-0 para o Barcelona. Por 94, para aí.
Nós, crescidas. Tinhamos aulas em sítios diferentes, encontrávamo-nos à noite, no café. E falávamos, quase sempre com assunto, quase. Ríamos muito todos, sempre.
Golos e mais golos. Todos para o mesmo lado. Nunca preferi um dos dois (ou preferia em anos alternados) e sempre tive pena do que perdia. Manias.
Cabelos, perfume, as cabeças rapadas dos hunos, o último grito em doces, o próximo corte de cabelo. Amigas a conversar. E a rir. Cafés e águas pela mesa. Cinzeiro.
Livre de Koeman e eu crescida, a seguir conversa e bola. Mais a bola. Golo. Daqueles à Koeman. Seguro a mão da minha amiga, interrompo-a para não perder pitada nem repetição: “que golão!” e sem querer apago-lhe o cigarro com o meu polegar. Rimos: “parecias um gajo, Marta!”