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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Maradona. O R a piscar na TV

Pi, 27.11.20

Ficámos então sem Maradona. Raios te quebrem, Diego Armando, que nós sabíamos da possibilidade mas não o queríamos ver. 

Sabemos que o futebol pode infelizmente ser um lodo. Mas no meio desse pantano, além do jogo que é sempre bonito de ver, há as histórias que nos apaixonam. Os momentos que marcam e ficam para sempre. Os detalhes que não nos deixam, a nós que gostamos de o seguir, largar, por mais que a lama nos tente prender ao fundo. Há muitas histórias, milhares de minutos que fazem deste o desporto rei. O bom de não saber muitas delas? É que ainda há muito por conhecer... Mas vamos a Maradona. 

Maradona... Maradona foi apaixonante, queiramos ou não. Não quero estar aqui a falar no que foi fora de campo, não é o que fica, nem o que mais me lembra El Pibe e ainda bem. Respeitarei sempre o futebolista que foi Diego Maradona. Futebolista é uma palavra que já quase não se usa, mas em 86 era-se futebolista. Nos anos 80, quando o R piscava no canto da TV para indicar que estávamos a ver a repetição de um golo, Maradona viveu o seu pleno. Respeitarei sempre um homem que fez uma cidade inteira apaixonar-se por si - para não dizer o seu país. Eu sei que é argentino, que a Argentina o vive e respira. Mas é também napolitano. E é em Nápoles a minha história favorita de Maradona. (Esta parte do texto ficou sem querer no presente, e se calhar vou deixá-la ficar assim.)

Vamos até 90, o ano do meu mundial de eleição. Que é o que teve menos golos, já sei. Mas é o mais bonito, talvez por me levar ao início dos meus adorados anos 90, em que aqueles que eu viria a acompanhar nessa década estavam uns no início, outros já no topo. É o primeiro dos últimos do futebol não moderno e eu ainda tenho saudades desse. É aquele em que a camisola de Itália continua a ser a minha favorita. É o dos Camarões que o meu avô admirou nesse verão. É um mundial onde ainda se viam vencedores eufóricos, e vencidos a chorar (eles ainda o fazem, verdade seja dita, mas as transmissões já não mostram tanto tudo). 

Estamos a 3 de julho de 1990 então, quis o destino que a meia final fosse não só Itália - Argentina, como que acontecesse em Nápoles, cidade que adoptou Maradona, que foi a sua glória e desgraça - ambos se confundem naqueles anos. Estavam reunidas as condições para o drama, para uma outra divisão de Itália cuja unificação já não foi pacífica. Diz-se, escreveu-se, que teria dito qualquer coisa como a Itália ignorar Nápoles 364 dias num ano"Pero no, yo soy napolitano los 365 días al año."  Talvez não tenha sido exactamente assim, mas é um detalhe que serve o propósito, a ideia é que a sua cidade devia estar do seu lado, contra o próprio país. Não é uma questão de lógica, é paixão, lá está. Talvez hoje sejam só factos e uma historieta, mas eu ainda me lembro de pensar (acho que ainda penso tal qual): "foi logo jogar em Nápoles contra a Itália..." e eu gosto de sentir o futebol assim. 

No estádio lia-se (e desta há fotos), ainda que pudesse não falar por todos: “Maradona Napoli ti ama ma l'Italia è la nostra patria.” , ora aqui temos mais paixão, Itália é perita nisto dos dramas e o amor também, é parte do que me faz estar sempre de olho na Squadra Azzurra. 

No fim, a Argentina seguiu para a final e a Itália chorou (belissimi!).
Mas tenho para mim que Nápoles ganharia sempre este jogo... por paixão. 

Longa se torna a espera

Pi, 06.11.20

Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio

A noite quieta de frio, já vai em três dias vagamente amenos (pelo menos onde estou o frio ainda é não terrível), com alguns aguaceiros. Aguardo o resultado das eleições americanas, como grande parte do mundo. Não pretendo aqui fazer análises profundas - nem o saberia fazer tão pouco -, mas gostava muito que o Trump saísse. Quatro anos depois, ainda me custa ver o desleixo em que se deixaram cair.  Um ditador de trazer por casa, com a postura de chico-espero e discurso de sabichão. Imagino-o a vir à janela de manhã e decidir o disparate do dia. Mas está demorado, como sempre e é um bocadinho irritante que não tenha sido uma maioria de caras para correr com ele. Sempre estes dias longuíssimos à espera de se saber... 

Nós, com canetas num cordel, sms para saber a mesa de voto, cá nos organizamos (enfim, ainda que com abstenções enormes) e temos os eleitos em três tempos. Bem sei que por lá são mais dois ou três que nós, mas como de diz por cá: isto não é sistema. Uma Junta de Freguesia dá muito jeito nestas ocasiões. 

De ontem para hoje a Georgia lá se mexeu. Mas isto é muito enervante. A andar com isso, faz favor, que vem lá o fim de semana!