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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

HotD - ponto de situação. Um protesto

Pi, 22.09.22

(Haverá spoilers).

Aborrecem-me tanto os saltos no tempo em "House of The Dragon"....  "Game of Thrones" dava-nos tempo, dava-nos personagens que íam evoluindo à nossa vista, conseguíamos reconhecer hábitos e personalidades. De maneira que também não me apeteceu escrever, mesmo depois de dois bons episódios.

Gosto da série, mas perco vários pormenores - porque, lá está, não li os livros - que só consigo perceber depois, ao ouvir podcasts etc. Exemplo: eu não percebi que os dragões que chegavam ao casamento, eram os de Laenor e Rhaenys. Depois de saber, é óbvio, mas nem foi muito salientado, a cena é breve, eu não reconheço os dragões ainda (por mais que possam ser muito diferentes uns dos outros). É o tipo de detalhes que gosto de apreciar, perceber quem ali vai e porquê. 

Laenor e Joffrey, um outro exemplo. Uma relação que podíamos ter acompanhado mais tempo, duas personalidades a conhecer. Num episódio, está despachado. Não chego criar uma ligação, e é mais divertido acompanhar quando isso acontece. 

Enfim, não chega para não ver a série, até porque espero que a partir do próximo episódio, a coisa estabilize no que toca a saltos no tempo. Mas fica o protesto.

HotD. S1 E3 - Segundo de Seu Nome. Rascunhos e delírios

Pi, 12.09.22

Só umas dobradelas de cantinhos do que me pareceu mais relevante.

Curiosamente Aegon, que dá nome ao episódio, e motiva a caçada e toda a celebração do seu segundo aniversário, não está nesses destaques (desculpa, bebé). Spoilers daqui para a frente, avisando já.

  • Passaram 3 anos desde o segundo episódio... Viserys e Alicent tiveram um filho e outro está a caminho. Colocam-se novas dúvidas (para alguns, certezas) sobre a sucessão ao trono.

  • Otto propõe que Viserys case os dois filhos (Rhaenyra e Aegon), ideia que faz o rei rir. Não por serem irmãos, meios irmão no caso, entre Targaryens é tranquilo e aceitável, mas por Aegon ter apenas dois anos. Otto parece ir perdendo importância e influência, ao contrário de Alicent, mas já lá vamos.

  • Vamos percebendo que Viserys é um "dreamer", apesar de toda a sua insegurança quanto às próprias decisões e intuição - é interessante ver esta dúvida entre desejo e culpa que apoquenta Viserys, aplausos para Paddy Considine, passa perfeitamente esta ideia na sua interpretação -, será provavelmente a sua principal característica, ainda que não o assuma com propriedade, porque lá está, nem ele acredita que possa ter esse poder e a culpa sobre os acontecimentos o persegue, e assim, posso perceber melhor que não seja um dragon rider, dreamer é um poder que ombreia com esse, admito.

  • Viserys neste episódio é todo um poema. A crescente bebedeira, que primeiro lhe dá para rir, e consequente ressaca que o faz decair ao longo do episódio, em que várias personagens o tentam manipular e convencer a casar Rhaenyra conforme os seus próprios interesses, culminando na infeliz tentativa de matar um veado, preso. Toda a existência de Viserys enquanto rei se pauta por este fundo triste, de acontecimentos falhados constantes, a que se junta a eterna dúvida nas suas próprias premonições. Viu em sonhos um filho com a sua coroa, o que o faz a agora desesperar pela tomada de decisão que tomou, não sabendo se um sonho será só mesmo um sonho. Desconfiando que não...

  • Vale a pena observar Alicent Hightower ao longo destes 3 primeiros episódios. A confiança que vai ganhando sem que os que a rodeiam se apercebam muito bem, segura no seu papel de rainha, próxima de Viserys e olhando por Rhaenyra, ainda que esta não a possa ver á frente. É ela que guia agora Viserys, num episódio em que vêmos o rei meio perdido, meio ébrio. Otto julga continuar a manipular a filha, como vêmos o seu irmão fazer consigo - apesar de Otto hesitar em cumprir -, dando-lhe instruções para que faça Viserys mudar de ideias quanto à sucessão. Otto Hightower, que jurou lealdade a Rhaenyra no primeiro episódio, não esqueçamos isso, e sabe que o rei não tem intenção de mudar a sua decisão. Alicent vai falar com o rei, mas o assunto desvia-se para a guerra em Steptones e a ajuda que a rainha aconselha o rei a enviar, ao contrário do seu small Council.
  • Rhaenyra no regresso ao acampamento, parece ter vindo de um ritual de passagem. Coberta de sangue, depois de matar um javali - quando no incío do episódio a vimos recusar ir à caçada precisamente para não ter de o fazer ou ver -, de ver um veado branco, quase como uma visão (relembrando o momento muito semelhante em "The Queen", com Helen Mirren). A decisão de não o matar é simbólica de várias formas, como em não alinhar nos jogos dos lordes e senhores do reino, que não hesitariam em exibir aquela conquista a todo o acampamento. Rhaenyra escolhe deixá-lo fugir, ainda que isso pudesse dizer "não preciso de casar com ninguém para triunfar, obrigada", está acima disso (temo que esta nobreza lhe saia cara).

  • Daemon, a sua Dark Sister e o Crabfeeder. Foi guerra com cheats, ali em Steptones, não foi? Talvez nenhum código ético se aplique aqui, e se existe, Daemon Targaryen está acima das regras. Foi um momento ""You don't save me, I save me": render-se para não aceitar ajuda do irmão, já parecia uma loucura, fazê-lo como cavalo de Tróia de um homem só, e sem uma palavra toda a cena, foi o golpe baixo mais espectacular dos últimos anos de batalhas em TV. Pode ser um rato de esgoto, mas é um rato coberto de ouro. O Crabfeeder acaba cortado ao meio, mas foi uma morte offscreen.

A minha frase de eleição, neste episódio:

I gathered that from all the lions

Rhaenyra

Mais um telegraminha de Dragonstone, que é dia de ver o novo episódio, mas não queria saltar um post.

HotD - Sobre Viserys I

Pi, 04.09.22

Talvez seja melhor escrever já sobre Viserys, que estou a ver isto mal parado. Poderá haver spoilers daqui em diante. Eu-não-li-os-livros, relembro.

Nos dois primeiros episódios, o que vemos de Viserys I, trazido à vida por Paddy Considine, é um rei que não contava propriamente sê-lo, mas assume com empenho o trono, tentando ser um soberano justo e um bom homem. Porém, a sombra de uma guerra de sucessão que pode estourar a qualquer momento, é permanente durante este reinado. Juntam-se a isto, a ameaça de um imprevisível e amargurado irmão, o self-made man marido de uma prima - "the queen that never was", a própria Mão. Tudo parece assentar em pés de barro na côrte de Viserys I.

Começando por ter o seu irmão como sucessor, Viserys exulta com a ideia de um filho varão nascer. "Heir for a day", o dito filho nasce e morre logo a seguir, e Viserys opta por Rhaenyra como sua sucessora, depois de anos ignorando a filha para esse lugar, e depois de saber que Daemon fez pouco da morte do seu recém-nascido. Temos portanto, um irmão de orgulho ferido (ou os dois até), uma filha preterida toda a vida, agora lançada na frente para herdar o trono. A propósito, tio Daemon e sobrinha Rhaenyra parecem ter maior ligação que pai e filha, que não conseguem trocar mais que duas ou três palavras, quase sempre desencontradas, condescendentes e conformadas. Entretanto, no ponto onde ficámos, no segundo episódio, Viserys está de boda marcada com a melhor amiga da filha, filha da sua Mão, Alicent Hightower - a destruidora de cutículas da côrte -, com quem se tem encontrado secretamente desde que enviuvou. Rhaenyra ficou radiante com a notícia... Ora, olhando para uma árvore genealógica, vendo "Game of Thrones", ouvindo podcasts, sei quem sucede a Viseyrs, pelo que a linha de sucessão não fica por aqui. Mas vamos vendo, que perde a graça estar a escrever certezas.

Um lado curioso de Viserys é - fiquem comigo -: sendo um Targaryen, sendo mais que isso, o, vou dizer chefe da casa Targaryen que me soa muito mal, mas a alternativa seria chefe de família, que soa pior ainda, para "head of House Targaryen", não ter o seu dragão. Ou seja, voou pouco tempo com Balerion, the Black Dread, o dragão de Aegon I, e depois da morte deste, não voltou a subir para um dragão - estou a falar nisto como se fosse equitação, creio que em dragões a ligação criada conta ainda mais que o insistir, ou voltar a montar, posso estar a ser injusta com Viserys I, mas adiante. Nada contra Targaryens que queiram seguir a arte, a música, o construir cidades nos seus aposentos, mas sendo o rei, ou o líder da Casa, parece requisito ter um dragão para deslocações e combate. Não faço ideia se isto é abordado em livros ou série, mas gostava de perceber. E que chegássemos a ver Vhagar, já agora.

Viserys I lembra-me um pouco Ned Stark. Parece honesto, bom homem, menos firme e atormentado talvez, mas igualmente incauto, devido ao seu sentido de dever. Por outro lado, Benjen Stark não deixava o irmão inquieto e inseguro como Daemon deixa Viserys, é claramente o seu (maior) ponto fraco.

HotD. S1 E2 - O Princípe Rebelde. Notas (bem) soltas

Pi, 04.09.22

Começamos logo bem, com o regresso do tema de abertura de Game of Thrones. Mas deixei isto atrasar e quero ir ver o 3º episódio, então ficam só umas notas para rever mais tarde e me rir do que achei neste ponto.

Neste episódio destacaria o papel dos segundos filhos: Daemon, Lord Corlys, Otto Hightower são segundos filhos das suas casas e cada um teve de fazer o seu caminho até onde os conhecemos. Lord Corlys é interessante, tem noção da sua posição na côrte, no primeiro episódio há o detalhe de não beber durante o small council, está alerta, não quer que nada lhe passe ao lado. Mas passa... Alicent passou mesmo pela direita. Otto Hightower, mão do rei, deixa sempre no ar a dúvida sobre a agenda que terá por trás de tudo o que decide ou aconselha. Dameon Targaryen... bom, é Daemon Targaryen, o princípe rebelde e imprevisível.

A cena mais emblemática do segundo episódio, passa-se em Dragonstone, na ponte. Daemon levou um dos ovos de dragão consigo, alegando que como é costume entre Targaryens, o vai colocar no berço do seu filho que está para nascer. Rhaenyra - e todo o small council - percebe que o ovo é o mesmo que escolheu para o irmão, Baelon (que morreu no episódio anterior, pouco depois de nascer). Viserys, ao saber do sucedido, quer partir imediatamente para Dragonstone, mas é impedido por Otto Hightower, que vai no seu lugar. Já na ponte, e mais importante, é a primeira vez que vemos Caraxes e Sirax frente e frente, ainda que não se confrontem, a cena impõe algum respeito. É Rhaenyra quem resolve o drama, "without bloodshed" e ficamos a ver mais um pouco da relação entre tio e sobrinha, que falam high valyrian entre si e se vão entendendo entre os altos e baixos da sucessão ao trono. Não há criança a caminho, nem casamento em dois dias, ao contrário do que Daemon fizera saber. Um poço de virtudes, adoro.

Viserys continua a desfazer-se, tratado por larvas, mas não parece preocupado. Temo bastante por este rapaz... também deixa cair um dragão do seu Lego, um sinal? Definitivamente é um Targaryen averso a dragões, no mínimo.

 

Frases mais marcantes:

You have dragonriders, father. Send us.

Rhaenyra

So do it, and be done with all this bother.

Rhaenyra

Men would sooner put the realm to the torch than see a woman ascend the Iron Throne.

Rhaenys

We are the realm's second sons, Daemon. Our worth is not given. It must be made. 

Lord Corlys