Talvez seja melhor escrever já sobre Viserys, que estou a ver isto mal parado. Poderá haver spoilers daqui em diante. Eu-não-li-os-livros, relembro.
Nos dois primeiros episódios, o que vemos de Viserys I, trazido à vida por Paddy Considine, é um rei que não contava propriamente sê-lo, mas assume com empenho o trono, tentando ser um soberano justo e um bom homem. Porém, a sombra de uma guerra de sucessão que pode estourar a qualquer momento, é permanente durante este reinado. Juntam-se a isto, a ameaça de um imprevisível e amargurado irmão, o self-made man marido de uma prima - "the queen that never was", a própria Mão. Tudo parece assentar em pés de barro na côrte de Viserys I.
Começando por ter o seu irmão como sucessor, Viserys exulta com a ideia de um filho varão nascer. "Heir for a day", o dito filho nasce e morre logo a seguir, e Viserys opta por Rhaenyra como sua sucessora, depois de anos ignorando a filha para esse lugar, e depois de saber que Daemon fez pouco da morte do seu recém-nascido. Temos portanto, um irmão de orgulho ferido (ou os dois até), uma filha preterida toda a vida, agora lançada na frente para herdar o trono. A propósito, tio Daemon e sobrinha Rhaenyra parecem ter maior ligação que pai e filha, que não conseguem trocar mais que duas ou três palavras, quase sempre desencontradas, condescendentes e conformadas. Entretanto, no ponto onde ficámos, no segundo episódio, Viserys está de boda marcada com a melhor amiga da filha, filha da sua Mão, Alicent Hightower - a destruidora de cutículas da côrte -, com quem se tem encontrado secretamente desde que enviuvou. Rhaenyra ficou radiante com a notícia... Ora, olhando para uma árvore genealógica, vendo "Game of Thrones", ouvindo podcasts, sei quem sucede a Viseyrs, pelo que a linha de sucessão não fica por aqui. Mas vamos vendo, que perde a graça estar a escrever certezas.
Um lado curioso de Viserys é - fiquem comigo -: sendo um Targaryen, sendo mais que isso, o, vou dizer chefe da casa Targaryen que me soa muito mal, mas a alternativa seria chefe de família, que soa pior ainda, para "head of House Targaryen", não ter o seu dragão. Ou seja, voou pouco tempo com Balerion, the Black Dread, o dragão de Aegon I, e depois da morte deste, não voltou a subir para um dragão - estou a falar nisto como se fosse equitação, creio que em dragões a ligação criada conta ainda mais que o insistir, ou voltar a montar, posso estar a ser injusta com Viserys I, mas adiante. Nada contra Targaryens que queiram seguir a arte, a música, o construir cidades nos seus aposentos, mas sendo o rei, ou o líder da Casa, parece requisito ter um dragão para deslocações e combate. Não faço ideia se isto é abordado em livros ou série, mas gostava de perceber. E que chegássemos a ver Vhagar, já agora.
Viserys I lembra-me um pouco Ned Stark. Parece honesto, bom homem, menos firme e atormentado talvez, mas igualmente incauto, devido ao seu sentido de dever. Por outro lado, Benjen Stark não deixava o irmão inquieto e inseguro como Daemon deixa Viserys, é claramente o seu (maior) ponto fraco.