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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Resta-me aplaudir Ruben Amorim (já que não o posso prender a nós)

Pi, 05.11.24

 

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Escrevi aqui, propositadamente antes de o ouvir falar depois do jogo do Estrela. São 4 anos e meio a ouvir Ruben Amorim semanalmente, a confiar no treinador do Sporting, que só por duas vezes se atrapalhou na sua boa comunicação. Depois escrevi também aqui, antes de me sentar a ouvir a conferência de imprensa pós-jogo.

Era preciso ouvi-lo no pragmatismo a que nos habituou. Hoje escrevo propositadamente antes do jogo como Manchester City, ainda sem as emoções desse jogo, resultado e tudo, que me podem toldar a lucidez.

A semana passada, tivemos - sei que não sou a única - dias de síndrome de abandono, como se alguém desaparecesse sem esperarmos, sem nos dar respostas a perguntas que nem tínhamos, um ghosting colectivo. Alguns cortaram radicalmente, outros, acredito que a maior parte, esperou por um sair dali mais suave. Serve de quê, perguntarão, talvez só de consolo, mas às vezes um consolo faz toda a diferença. Pessoalmente, não queria nada ficar com má recordação de Rubén Amorim, e não fico.

Ele chegou em Março de 2020, fez o seu primeiro jogo em Alvalade a 8 desse mês. Depois, todos sabemos o que aconteceu: no fim dessa semana viermos todos para casa, por causa da malfadada Covid-19. Ter um treinador novo, na dança que se tinha passado, de quem quase só sabíamos ter sido jogador, e jogador do Benfica, numa altura em que o Sporting vinha tentando erguer-se de épocas tenebrosas, parecia-nos no mínimo uma tentativa já desesperada, mas que havíamos de fazer. Viemos para casa então, de Amorim como treinador. Depois foi o que se viu. Terminou essa época (em 4º) e começou a nova, em que fomos com ele, campeões, ao fim de 19 anos.

Pelos confinamentos, muitas conferências de imprensa, boa comunicação, foi conquistando-nos quase todos. A 12 de Maio de 2021 saímos à rua para festejar o título que parecia tão difícil de conquistar e estava agora ali, tão nosso.

Quando pudemos voltar ao estádio, ainda de máscaras e testes para entrar, não podia  resistir: "Eu tinha de ir ver o Sporting de Amorim", disse a uma ou outra pessoa. Depois de tantos anos no estádio, antigo e novo, não quis faltar ao melhor treinador de que me lembrava. E tenho lá estado, nas vitórias e derrotas.

Custa muito que saia em Novembro, é cedíssimo numa época inteira, falta muito campeonato, muita Champions, taça de Portugal, não  tanta taça da Liga, mas faltam jogos, seja como for. Estamos com uma equipa coesa, a jogar bem, mas ainda é em grande parte Ruben Amorim que nos une. Não coloco aqui o clube, o Sporting está acima de tudo isto, nem devia ser preciso dizê-lo. Mas sabemos que unidos não somos sempre, muito menos sem títulos. Confio nesse meio anjo meio Odin que é capitão Hjulmand, confio na equipa, confio em quem foi buscar João Pereira em 2021, talvez já com isto em vista - veremos se se confirma ser ele o próximo treinador. Mas teremos de passar pelos próximos meses para ver o que acontece, porque esperança tenho sempre.

Voltando a Ruben Amorim (ainda não estou em mim, Ruben Filipe), não preciso que mude de clube, respeito que tenha o seu. Mas é incontornável que já ficou na história do Sporting, o próprio afirma ter sido o "melhor período da minha vida". Nisto do futebol, eu gosto muito destes paradoxos: parecia-nos tão improvável e revelou-se o melhor treinador que vimos, pareciamos tão incompatíveis - ainda nos vejo diferenças, um sportinguista dificilmente diz "o campeonato estava na mão", temos demasiados traumas para essa confuança e sabe bem vê-la quem está à frente da uma equipa - e saímos disto adorando Ruben Amorim. Alguns, vá, eu não me esqueço que não somos todos iguais. Como disse antes, prefiro não sair disto aborrecida ou zangada com mais uma pessoa que nem sabe que existo. Mas cada um lidará como entende.

Hoje lá estarei e quero despedir-me com um  aplauso. E explico porquê: eu vou ao estádio, acompanho algum futebol, também em busca de testemunhar talento. É a última oportunidade que tenho de mostrar que apreciei o trabalho de Amorim à frente do meu clube. Que lhe agradeço a dedicação, comunicação e mais importante, dois campeonatos em 4 anos. Se no fim isso não é o que fica, então não sei o que ando a fazer, indo ao estádio jogo após jogo. Tenho de fechar isto em paz.

Amorim diz ainda não teve tempo para sentir saudades. Já eu, ainda não fui ao jogo de hoje, o seu último em Alvalade como treinador do Sporting, e já estou cheia delas.

Vou também ter muitas saudades de ouvir e cantar:

No outro dia, eu fui a Braga
Vi um treinador que me agradava
Não tinha curso, não me importei
Dei 10 milhões por MBWay

Pronto, acho que desabafei este assunto, não prometo não voltar que isto deixa marcas e às vezes é preciso cantá-las para as espantar.