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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Anjos vs Joana Marques

Pi, 25.06.25

Vamos já tirar isto da frente: ninguém é obrigado a gostar de uns ou de outra. Podemos até cantarolar  uma música deles e já ter rido com um texto dela, ou nenhuma das duas. Eu gosto do trabalho da Joana, também deixo já aqui dito. Também sei umas letras dos Anjos.

Sobre a questão que levou ao julgamento, é um vídeo dos irmãos Rosado a cantar uma vesrão muito sua do hino nacional, editado como tantos se fazem no dia a dia pelas redes. Na edição, o públido dos Ídolos faz uma avaliação à performance dos Anjos. Toda a gente percebe que é uma brincadeira, creio que não é difícil perceber isso. As alegações de que falta trabalho depois de exibido num instagram perto de si, deixa algumas dúvidas, mas adiante. 

O que me chocará é o precendente que se pode abrir, caso Joana Marques não saia vencedora (e eu não quero acreditar que estamos  viver esses dias), um cancelamento injusto, rancoroso e muito pouco lúcido.

Mesmo que eu não gostasse do que a Joana M. escreve, se fosse um humorista que não das minhas preferências, estaria contra uma condenação. No dia em que uma piada for um crime - e já vimos episódios bem infelizes nesse campo  -, nada está a salvo.  Não vale a pena estar aqui com "depende...", "de umas coisas gosto, outras não...", não tem a ver com gosto pessoal. Ou somos pela democracia - que permite também assinalar o que não gostamos porque, lá está, as pessoas são livres de se manifestar - ou não somos e isso seria triste.

Sobre o Extremamente Desagradável também posso dizer coisas, num outro post.

Rir devia ser o melhor genérico

Pi, 25.06.25

Não sei porquê, não se olha para o humor como para outras formas de arte. Como para a música, a pintura ou a literatura. Não se vêem reacções tão indignadas se um livro não nos agrada e está num top, ou aquela banda não é a nossa favorita e há quem a ouça. Talvez não pareça, mas o humor e seus autores não são todos iguais. E isso é o melhor de tudo.

Não rimos todos do mesmo, até porque não controlamos (ou não devíamos) o que nos faz rir, ou quando, o que pode já ter causado bons e maus embaraços. O riso é uma reacção involuntária, espontânea e individual, uma ferramenta ao nosso dispor para viver melhor.

Eu posso rir com o/a humorista A, B, D, F e H.

Uma amiga rirá com o/a humorista A, C, D, E e F.

Um amigo, só com o G.

Outro, com o C, E, F, G e H.

Um rirá de tudo e ainda um outro  que "não gosto de coisas para rir".

O que está errado aqui? Nada, absolutamente nada.

Mas há no ar uma má relação com o riso, não sei se um  complexo, uma culpa. Tenta-se impor aos outros, no humor, o que não se faria com outra actividade: "Não me digas que te ris disso, nunca pensei....", "Mas achas graça a esse? ", ou "Tens de ver, vais morrer a rir". Talvez com músicas ou livros se faça pontualmente, mas não com a indignação que o humor desperta.

Que é que eu acho também? Ou nem sou eu, ficou-me cá na memória. Uma vez,  uma professora, determinada e serena, numa aula do 3º ano de História, garantiu:  "As pessoas não dominam conceitos e têm de dominar conceitos..." Eu também não sei tudo, mas tento ter uma opinião minimamente informada, que não se meça apenas pela forma como acordei, ou com um dedo molhado ao vento.

Mas o que se vê e ouve, são muitas frases feitas e mastigadas, repetidas à náusea, tudo com o "destilar ódio" na ponta dos dedos, como ouvimos recentemente, um prepotente "se me faz rir é porque é bom", implicando a ideia de se não me faz rir é porque humilha, que eu cá sou muito boa pessoa. Rir não tem a ver com isso, rir devia ser o desanso, uma breve suspensão das obrigações, chatices e convenções sociais (nunca da democracia, viram o que fiz aqui?). É alias muitas  vezes o que nos é oposto que nos faz rir, o que não esperamos, o que nos surpreende.

Não surpreendentemente, é aqui que quero chegar: Anjos vs Joana Marques. Mas fica para um novo post.