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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Dia 4. Taxidermia ou Animais de parede

Pi, 04.01.17

Tenho mixed feelings, nada de muito sério, é aquela confusão entre um "ah, tão giro!" e o imediato "mas parece errado". Falo daquelas taxidermias de parede que há, umas cabeças de animal - calma, já explico - em peluche ou em cartão (é procurar por  exemplo "faux taxidermy", "plush taxidermy", ou "cardboard taxidermy" - muito importante colocar a primeira palavra, ou vão, naturalmente, dar com imagens infelizes de animais verdadeiros!). 

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Eu assumo, quando vi quer umas quer outras, gostei logo, achei graça àquele falso assumido. Há tecidos maravilhosos (já vi um veado em chita de Alcobaça!), cartões crus, de xadrez ou mil cores, de uma só cor ou douradas, inventa-se de tudo, e ainda bem. E repito, gosto do falso assumido, do "isto nunca quis ser uma cabeça de animal, só estamos a aproveitar o suporte e a ideia", como flores numa espingarda (eu não disse cravo), vejo assim. A reciclagem de uma coisa sinistra, para uma coisa fofa.

Mas no segundo seguinte, quando vi, fez-me alguma impressão, por tentar recriar uma cabeça de animal na parede, daquelas tenebrosas. Ainda por cima, algumas são pensadas para quartos de crianças, e eu até percebo que seja provável uma criança não associar que falta o resto do animal, mesmo nas de verdade. Mas será coisa para prolongar no tempo? "Antigamente fazia-se isto com cabeças de animais a sério, javalis, veados... Hum? Exacto, como o Bambi!". Sou franca, em criança raramente as vi, mas sei que até passar debaixo de uma, me tirava o sono à noite. 

Fiquei a pensar se estaria certo - para mim, não para o mundo, quem sou eu? - invocar essa coisa, mesmo que a brincar. Ainda hoje não sei bem. Continuo a ver e a achar graça. E continuo a repensar.

Por outro lado, se eu uso e gosto de pêlo falso em volta de um carapuço, de pêlo falso no forro dos meus casacos, de animal print em tudo e um par de botas, que diferença haverá entre isso e um rinoceronte em cartão na parede?

Hum... Não sei, hesito. 

 

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