Esta foto já aqui esteve, eu sei
Gosto muito dela.
Foi num internamento e era hora da Carlotinha almoçar. Andava-se de espreguiçadeira atrás, era onde comia melhor. Mesmo assim, era sempre uma incógnita como correria cada refeição, e internada maior o suspense. Foi nesta altura que eles entraram no quarto.
Faziam uma ronda, cantavam, animavam crianças e familiares se pudessem, e não podendo, respeitavam e mostravam-se solidários.
No quarto da Carlota entraram quase em silêncio. Fizeram perguntas baixinho nas suas vozes de palhaço e observaram.
A Carlota, na espreguiçadeira, estava ao nível do chão. A mãe, para lhe dar a sopa, também. Os doutores palhaços não pensaram duas vezes. Foi nesta posição (da foto) que ficaram e tocaram baixinho o "Céu no fundo do chapéu", música ouvida diariamente em casa da Carlota.
A Carlota não vê, ouve e sente tudo, e eles perceberam isso em segundos e sem explicações. Acocoraram-se e tocaram, ao nível da agitação dela, que também sossegou. Foi nessa altura que tirei a fotografia.
É esta dedicação e sentido prático que quem trabalha com crianças tem de ter, e não se paga nem se aprende em livros.
Eles andam por aí, por isso, se os virem, se puderem, sejam sorridários e ponham-lhes uma moeda na latinha.