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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Este até pode ser um dia de flores

Pi, 08.03.24

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É Dia Internacional das Mulheres. É também dia, pelo menos nacional mas acredito que aconteça no mundo todo, também do "Do do Homem não se fala...". Enfim, quem escolhe ficar por aí está a tempo de fazer um caminho. Ou não, cada um sabe de si.

Já foi um dia que parecia simplesmente de receber flores, ou talvez eu só visse isso. Cada vez mais se vêem iniciativas que mesmo que passem pelo cravo ou a rosa oferecidos, passam também uma mensagem alusiva à data, um alerta, com mais ou menos informação, mas o caminho lá se vai abrindo. Há quem goste, há quem precise, há quem não se reveja, há quem não ache necessário, há quem embirre.

Eu já estive mais ou menos aí, implicava com as flores à saída do metro, evidenciando o meu género, aquele que carecia de uma planta para ser celebrado. Aquilo não me parecia ter grande sentido, queria fugir e  dizer "mulher és tu, deixa-me!". Podia ter tido a calma de pensar em motivos, que havia razões, mas há coisas que só a (matur)idade me deu serenidade para olhar e não só ver.

De lá para cá, observei, ouvi, li, olhei mais em volta e em alguns - a meu ver nessa altura - exageros, fui encontrando o meu equilíbrio. É essa  a utilidade dos exageros e posições mais extremas, tenho para mim, encontrarmos o nosso ponto de equilíbrio, o que conseguimos assumir e suportar. Não ponho de parte que o radicalismos possa servir para alguém neste caso a igualdade, mas até agora não me meti por aí. 

Dou por mim a simplificar, perante a resistência que também já foi a minha: "repara, nascer mulher significa não poder ir à escola em alguns países. Imaginas não termos ido à escola?!", mas há mais, tanto mais. A escola é uma referência mais comum e imediata, mas há um mundo de desigualdades que não estão necessariamente no nosso quintal. Não vou discorrer sobre isso, não fujam se leram até aqui. Este post pretende apenas marcar uma mudança que foi para mim, e só para mim, evolução.

Não fiz todo o caminho, sei lá se posso dizer que fiz o início. Sei que me faltam atitudes, mais que conceitos. Sei que a sororidade é uma longa estrada. Vejo-lhe o fim, mas há altos e baixos, convicções e ideias enraizadas. Vou-me descontruindo ao meu tempo, para uma melhor versão  de mim. Talvez também tenha de fazer as pazes com alguns destes clichés e o cinismo com que os olho, mas agora me fez sentido usar. Talvez este post tenha ficado meio encriptado, mas não quis fazer aqui uma dissertação sobre o assunto, nem sei se o sei fazer. Importava-me aqui deixar mais um passo dos que tenho vindo a dar. 

Dêem e recebam flores neste dia, se assim o entenderem. Mas informem-se, celebrem-se verdadeiramente, acima de tudo olhem-se como iguais, vejam o que ainda há por fazer, e saibam que há mais por trás de pétalas e arranjos.