Quino para sempre e para todos
"Después de leer a Mafalda me di cuenta de que lo que te aproxima más a la felicidad es la quinoterapia."
Gabriel García Márquez
Perdemos o meu professor favorito de Ciência Política.
É assim que vejo os livros da Mafalda hoje, à distância - distância da primeira vez que os li, nunca física, que tenho uma edição recente de "Toda a Mafalda" como livro de mesa de café, e nem tenho a dita mesa, para que se veja!
Os meus pais também têm desde que me lembro, o "Não me Grite", que me mostrou que aquele Q redondinho, na assinatura, não era exclusivo da menina contestarária de cabelo volumoso.
Em criança, não era óbvio para mim que Argentina e Portugal fossem muito diferentes. Aquelas pessoas podiam estar em Buenos Aires, os seus dramas vivam também na Ajuda ou na Madragoa. Eu ía percebendo aos poucos que aquilo era humor e conversa que se ouvia aos adultos. Ali, a conversa dos adultos fazia-me rir, eu estava a perceber aquilo.
Com a Mafaldinha era ainda melhor. Tinhamos a mesma idade, o mesmo dia a dia, eu só não estava tão atenta a notícias como ela, nem tinha um globo, teria de me chegar o atlas. Mas tinhamos a escola, os amigos, os pais, a televisão. A certa altura a Mafalda até tinha um irmão... e eu também tinha tido um. Era oficial: eu conseguia perceber aquela vida, não podiam ser muito diferentes, aquele mundo dela e o meu. Ainda hoje, na minha cabeça, são tiras da Mafalda que ilustram inúmeras situações do dia a dia.
Quino soube trazer a sabedoria das crianças à luz do dia dos adultos.
Teremos perdido Quino, nunca a Quinoterapia.