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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Não olhes agora, mas tens a misoginia à mostra

Pi, 06.10.18

Então e isto do Ronaldo agora, hã? Grande chatice e assim (eu a tentar parecer descontraída e imparcial no assunto). 

Até onde sabemos, a verdade é uma de duas e só duas pessoas a podem saber, embora pelo que li, já tenha sido admitida a pior parte (que burrice, que burrice tão grande se pode fazer em segundos) por ambos. Não me interessa que já não haja dúvidas para uns, que pareça impossível para outros, eu não me sinto capaz de escolher um lado, muito menos escrever sobre isso. Não consigo estar aqui a escrever como se ele fosse culpado, nem como se ela fosse uma mentirosa, não me cabe decidir isso nem eu quero. 

E sim, eu li o artigo no Der Spiegel. Custou, mas enfrentei, não estou aqui a falar de cor. Ali é descrito um serão como tantos outros, tirando obviamente a parte que se passa no quarto, que só as duas pessoas presentes podem confirmar. O que quero dizer é que não me custou nada acreditar naquele relato, nos diálogos, nas circunstâncias e inconsequências (na burrice, que burrice se assim foi que tudo se passou).

- Meu ric'menine me perdoe, só eu sei o quanto não quero que seja verdade. Meu ric'menine... não mo levam preso que eu não deixo, levem-me antes a mim.

Verdade verdadinha verdadeira, e onde eu queria chegar, é que tem esta história servido para ver o que se pensa por este Portugal sobre sexo em geral, mulheres em particular. E eu até entendo, juro que entendo, que a tendência, o primeiro impulso, seja pensar que se estão a tentar aproveitar do nosso menine (valha-me Deus, se sei tão bem o que é querer logo não acreditar e insultar a outra parte). Mas não pode haver dois pesos e duas medidas só porque simpatizamos com uma das pessoas. Acima de tudo, não pode tentar-se justificar uma (alegada, vá) violação com um vestido, uma dança, uma subida a um quarto. Não. E não é não. Percebem o que fiz aqui? 

- Ai não mo levam não preso que eu não deixo, antes a mim!  

Pior ainda é perceber pela conversa de café que tem havido sobre este assunto, que os preconceitos, machismos e misoginias das pessoas ficam à vista tão facilmente, não é preciso nada para que saia cá para fora a grunhice e a ignorância. Por outro lado, é a melhor forma de sabermos onde andam. Faz-se-lhes um circulo em volta a segue-se com a vidinha, evitando estas criaturas que parecem saídas de uma caverna. Sou a primeira a querer que seja mentira, mas não sejamos primitivos. 

Já nem vou falar do que se ouve pelas TVs, de pessoas que sabem que falam para muita gente, e se sentem à vontade para ridicularizar uma possível vítima, ou do que se leu já esta semana e que podemos resumir como a teoria da "com essa mini-saia estavas a pedir". Falar logo, atirar pedras para defender os nossos é fácil, difícil é esperar ponderadamente pelo que aí vem. Difícil é decidir o que, a sér verdade, se pensa daqui para a frente. Difícil é pensar que por uma estupidez, uma burrice tão grande, se terá de repensar toda uma pessoa. Ou não, lá está, a esperança é a última a morrer. 

- Riqueza que se isto tudo se volta contra ele, não sei que faço à vida. A mim, a mim é que levam!

Estamos muito atrasados no que toca a respeitar a sexualidade do próximo. Ou no conseguir disitinguir que nem tudo o que acontece aos nossos ídolos tem de ser defendido com unhas e dentes, doa a quem doer. Felizmente não seremos nós a julgar e sentenciar quem tiver de ser, porque isso sim, seria o fim do mundo. Por cada simpatia um perdão. Era o caos.

Perdoem-me a piroseira de um post dirigido a alguém na segunda pessoa

Pi, 12.07.16

Em 2004 choraste, e eu, que nunca chorei com a selecção, tive vontade de chorar contigo. "É tão menininho..." pensava, dizia. Nunca te deixei, segui-te sempre, quis saber sempre mais, ver mais. Saber onde podias chegar. Ano após ano. 

Ronaldo.jpgOntem, quando te vi no chão e depois em lágrimas, pensei "não chores. Não chores, que também choro". Voltaste, porque és o maior e não desistes à primeira, não desististe em 12 anos, nunca viraste a cara a tanta ingratidão que se viu e ouviu, não sei quantos teriam essa capacidade, mas tu tens.

Não deu para continuares, e vieram as lágrimas novamente. Porque vives para todos os jogos, mas aqui entre nós, uma final é uma final, e detestas não estar presente.

Depois o momento de um verdadeiro capitão. E deixa-me dizer já aqui que muitas vezes eu disse: "ser capitão é uma pressão de que ele não precisa", e hoje sei por que nunca deixaste de o ser. Cresceste, amadureceste, sabes ser capitão nos momentos cruciais. Quem me conhece sabe como gosto do capitão da Itália e - detesto admitir isto - vê-lo de costas nos penalties dos colegas, quando se apregoavam um grupo unido, custou-me. Podem ser superstições, crendices, pode ter sido para não dar um grito ao Zaza, mas esse gesto ficou-me. No prolongamento vieste dar ânimo a todos, dentro e fora de campo. Abraços, gritos ou sussurros, o capitão estava ali com eles. O mimado, o birrento (atenção, adoro essas pequenas birras), estava ali a dar de si aos restantes.

Mais lágrimas no golo do Éder. És maravilhoso quando choras de alegria. És o maior, o melhor do mundo mesmo a chorar,quero lá saber. Chorei contigo antes, chorei contigo agora.

Quando levantaste a taça, senti as lágrimas chegarem. Talvez por tudo o que ouvi e li de 2004 para cá, em cada europeu e mundial, sempre a mesma conversa, sempre os mesmos argumentos idiotas e ressabiados. Ou talvez me tenha voltado simplesmente a emocionar com Portugal.

Doze anos, esperei 12 anos para te ver ali, assim. E vi. És o maior, meu  ric'menine.

Texto originalmente publicado em És nossa Fé e Delito de Opinião

Da rapaziada mais logo em Paris

Pi, 10.07.16

Quando começa um Europeu ou um Mundial estou por Itália. É assim desde pelo menos 1990 e não vai mudar. Por outro lado, nunca quero que Portugal perca, naturalmente. Tenho tido a sorte de não ser chegarem a defrontar, e este ano quem chega à final é Portugal.

Gosto do Ronaldo desde sempre, nem que eu quisesse haveria como o negar. Espalhei por todo o lado o quanto gosto dele pelo menos de 2003. Na inauguração do estádio, em que, assumamos, tivemos esperança que fosse uma grande época com ele, e no dia a seguir ele estava em Manchester. Nunca deixei de o seguir.

Gosto do Quaresma desde que o vi, ainda no velhinho estádio de Alvalade,  e dei por mim a pensar que tinha o tipo de atitude e ousadia que faltava à equipa do Sporting.

Gosto de quase todos os jogadores desta selecção, não vale a pena estar a justificar ou a detalhar cada um e os motivos.

O que leva a este post é que se a selecção é um grupo, se estão lá jogadores do meu clube - sabe Deus como na hora da convocatória torço tanto para não ouvir os nomes deles -, e chegaram à final, então, que seja para a vencer. Merecem eles, e quase todos os portugueses, vá.

Para mim, que há 12 anos estive no estádio na meia final do Euro 2004, que já tratava o meu ric'menine por meu ric'menine, e celebrei o golo dele como celebro todos de lá para cá, mesmo que ele não tenha a obrigação de carregar um país, e não seja só ele a selecção, espero que lhe corra muito bem a noite de hoje. E ao Quaresminha. A todos, mas estes dois estão a jogar um jogo que lhes era devido há muito tempo. É merecido.

Uma coisa é certa, não ganhando, amanhã gosto na mesma deles. Como sempre e para sempre.

Da mesa do café. Blatter e o menine

Pi, 29.10.13

Não está aqui em causa - atentem no momento maduro desta que vos bloga e adora ric'menine Ronaldo - que Messi seja o melhor. Não está em causa que Ronaldo mude de penteado como lhe apetece, (e bem, é lá com ele). Que se diz mal dele, já eu sei e já (quase) não ligo, cada um tem direito à sua opinião e essas coisas muito politicamente correctas que adoramos dizer para não mandar ninguém pastar. Não está sequer em causa que Blatter seja uma porteira ou que falar em cabelos de jogadores obviamente bons seja tããããooo 1993 (mas o Blatter é um velhinho mental desde os 50, já sabemos). 

 

O que está aqui em questão é o desprezo de Blatter por essa instituição, essa fronteira que faz de nós meras pessoas normais que é a mesa do café.

À mesa do café posso dizer o que me apetecer, posso argumentar que o maior é quem me apetecer e em querendo até posso dizer que o é porque tem um sorriso muito giro. Não seria inédito. À mesa do café vale dizer tudo, é para isso que serve. À mesa do café vocês (não é vocês, é os senhores) até me podem dizer mal do CR, eu dar um murro na mesa e voltar a ser civilizadinha no segundo a seguir. E eu posso dizer que o Messi é cocó sabendo que não o é, só porque me apetece estar de birra e às vezes tenho 2 anos. Vale dizer o que se quiser. Não se fazem brindes suficientes à liberdade da mesa do café.  

Mas Blatter é ousado, ou só deprimente e leva a mesa do café à FIFA, acha-se muita piada e desenvolve. Blatter é um palhaço, e não no sentido em que ele acredita ser.

 

Há muitos anos, era eu pequenina (uns 13, 14 anos vá) e Walter Zenga disse as piores coisas de Sepp Blatter. Os profetas são assim.