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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Destrua as ondas, não a timeline

Pi, 09.09.21

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Talvez quem me lê neste momento não use muito redes sociais, ou use pouco, um pouco de passagem e está bom. E está bem. Eu uso muito, tanto por obrigação/necessidade como por lazer, passo várias horas a ver timelines, posts, comentários, tendências, influencers, anónimos e trolls. A estes últimos dou menos atenção, como é regra.

Nunca precisei de formações para começar a usar redes sociais, mas já as tive num âmbito profissional e recolho sempre dicas úteis em cada uma. Não se perde nada, de modo geral tento aprender qualquer coisa, mesmo em adversidades (e muito tenho aprendido da vidinha, por vezes bem contrariada...).

Ora, da observação que vou fazendo, mesmo da minha própria utilização, vou concluindo que há tanta formação de redes sociais - "faça um post no Facebook ainda hoje!", "desembarace o novelo de tweets que lhe aparecem na timeline", "o instagram é para si, que gosta de fotografia, comida, ou só saber da que acha ser vida dos outros!" - quando podia dar-se aqui um equilíbrio, com uma formação - um workshop, um webinar, como lhe queiram chamar - de utilizador, sem querer ensinar como sê-lo, mas antes mostrar o que não ser online: um “saiba como não ser um troll involuntário, a pior espécie”.

Módulos a desenvolver:

  • Aprenda que um perfil não é só o que lhe aparece à frente. Avance sem medos.

Palavra de honra, um perfil não é só aquele post que nos aparece. Podemos mesmo, imagine-se, entrar nós em determinada conta/perfil e ver mais além, conhecer, acompanhar ou deixar de o fazer se assim o entendermos. 

  • É possível ler para além da foto. Vá buscar os óculos, nós esperamos.

A sério, muitas vezes, quase quase sempre, o texto complementa e legenda uma imagem. Nem sempre há um texto - copy, caption, cada um com a sua - por baixo de uma foto, e quando há, nem todos acrescentam, é certo. Há erros, mensagens muito pela rama - há gostos para tudo, há cansaços que nem dão para mais, não está em causa ler muito ou pouco -, há mensagens maiores, eu sei, ninguém tem tempo ou paciência para ler muito "na internet", mas às vezes vale a pena. Há até posts/textos médios. O que importa aqui é que não façamos perguntas desnecessárias sem esgotar a informação disponível no que temos à frente.

  • Ninguém nos vai dar mais importância se gritarmos que não sabemos quem é Cristina Ferreira. Nem ninguém acredita nisso.

Os "quem?" Os "nunca ouvi falar...", "que interessante...", as receitas metidas ironicamente nos comentários de um post... Tudo isto grita "quero atenção",  ainda que nos pareça que estamos a reivindicar a reposição da cultura onde cada um de nós acha que deve estar. Faz mal? Mal não faz mas, se ignoramos, passemos à frente. Sair deste ciclo vicioso é essencial para um regresso saudável. Se ficamos, alguma importância lhe damos. Nem que seja, lá está, uma indignação com a atenção que se dá a... ups, também estamos a dar. Raios, passar à frente passar à frente! 

  • Esta rede também é sua. Mantenha-a limpa.

Quando é entrada por saída, talvez nos seja indiferente o lixo, ou vá, a menos conseguida apresentação de um espaço, de lixo ninguém gosta. Se vamos ficar um pouco, se calhar damos um jeitinho ao nosso canto, e se vamos permanecer umas horas num recinto, apreciamos o trabalho de voluntários e não só, para o manter limpo. Até colaboramos, ou não? Passemos do *inserir evento à escolha* para as redes sociais: se todos resolvemos dizer, e com dizer não estou a falar de dar uma opinião, tudo com sete cascas de banana na mão, passamos a ter uma lixeira social. É olhar em volta, há muito disso por aí. E de lixo, reiteremos, ninguém gosta.

  • Destrua as ondas, não a timeline.

Se não for pelo contacto com o mar, esta frase será familiar a quem conheceu camisolas da Amarras. Se nem uma nem outra, não sei que vos diga, mas é auto-explicativa.
Um conselho, que como tal, se fosse bom não era de graça: quando o ambiente fica pesado, a avalanche de violência ameaça cair-nos em cima, quando o disparate menos saudável quer sair gratuitamente... Dá vontade, pois dá, atirar uma boca e sair. Também já o fiz, embora evitando sempre o fórum, não é bom para ninguém. vale a pena estar a insultar num ecrã, quando há livros para ler, batatas por cavar, formigas para contar? Tudo mais interessante e produtivo, asseguro.

Objectivos:

No final do curso o formando saberá aplicar os conhecimentos adquiridos:

  • se quiser mesmo saber, saberá fazer o drilldown num perfil e ver que existe mais informação.
  • não ser literal, reconhecer uma metáfora e, havendo tempo, mesmo uma ironia.
  • saberá, se não gosta, não quer saber ou ignora, evitar deixar rastos nocivos, seguir para outra, passar à frente.
  • não é garantido que adquira tolerância a opinião contrária à sua. Disponível no nível avançado: "Teimosia: benéfica na tertúlia quando não resvala para intolerância, meio caminho andado para o fanatismo no online"

Ao fim do dia não posso, tenho Cannavaro

Pi, 06.04.20

Fabio Cannavaro foi o capitão da squadra azzurra, campeã do mundo em 2006. 

Essa equipa tem uma óptima gestão de relações públicas, digamos assim. Desde o grupo de whatsapp com todos, ao livro "La Nostra Bambina" onde cada um conta um episódio que lhe ocorra, não necessariamente sobre si, são 14 anos que não deixam quem os segue, cair no esquecimento. Sigo várias contas não só dos jogadores, como de fãs da Azzurra no instagram e sou constantemente brindada com memórias e celebrações daqueles dias de 2006.

Por estes dias, Itália vive o pesadelo que se sabe e chovem-me no feed fotografias do mundial na Alemanha como forma de manter o espírito de campeões, animar as hostes, recordar aquela alegria. A juntar a isso, e para angariar fundos, os jogadores dessa equipa estão muito activos por lá. Cannavaro contacta diariamente um deles - apesar de também ligar a outros jogadores - e conversam um pouco. Falam sobre aquele tempo, sobre o que fazem agora, como estão as coisas no local onde vivem (os irmãos Cannavaro estão ambos na China, por exemplo). Tem sido um quentinho cá dentro. Se falo italiano? Não falo, mas percebo grande parte do que dizem. Mesmo que não percebesse, ouvir os Ciao, os bene, já seria música para os meus ouvidos. 

Esta fotografia é das minha preferidas de 2006. Pirlo abraça Cannavaro antes de Grosso partir para a bola, no penalty que lhe daria o título, e hoje sei que lhe pergunta "se ele marca, ganhamos o mundial? Mas tens a certeza?". No directo com Pirlo, a semana passada, falaram ambos na foto. Segundo Cannavaro "a nossa foto é digna de poster". Confirmo, até de edredon. 

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Por estes dias está prometido que liga a Totti e Gigi Buffon. Mal posso esperar. 

É também por momentos destes que insisto: não são as redes sociais que são nocivas, as redes são o que fizermos delas.

Então, não, ao fim da tarde não posso, tenho Cannavaro para ouvir. 

Dia 2 In love with food

Pi, 02.01.17

Ainda não sabia onde passaria a meia-noite, e já tinha feito a minha resolução de fim de ano: encomendar um bolo In Love With Food

Escrevo este post deitada no meu sofá, enquanto recordo o bolo merengado com creme de chocolate. Já lá vamos. 

Conheço a Antónia e o Luís, destas andanças virtuais já desde 2009, e fui acompanhando este delicioso projecto quando apareceu. Este sábado, sob pretexto de ir buscar o dito bolo, conhecemo-nos pessoalmente. E é tão bom conhecer quem, de alguma forma, já faz  parte do nosso dia a dia, pelas redes sociais. Fica connosco o momento, a repetir. Avancemos para o bolo então. 

Quanto a Antónia mo mostrou, o cheiro a chocolate serpenteou pela sala. Como se eu fosse um desenho animado, e ele se me enrolasse em volta de toda a cabeça. 

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Já à mesa, em prato digno de um bolo assim, fez um brilharete. E é igual às fotografias que tinha visto e me tinham feito decidir. Na hora de o partir... O som, senhores, o som! O merengue estaladiço, e o creme a amortecer o golpe num "pof" abafado. Maravilhoso.

O sabor. Bom, não será novidade dizer que todo ele sabe a chocolate. Se forem chocoholics, atirem-se de cabeça. Se não forem, experimentem-no uma vez na vida. Ou um dos outros, igualmente deslumbrantes, que estão em In love with Food. Quem provou não esquecerá, prometo. 

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Português (não tão) suave I

Pi, 06.10.16

Já todos vimos, ouvimos,  e comentámos o mal que se escreve por aí. As redes sociais trouxeram-nos o contacto com todo o mundo, o que foi bom, a opinião desse mundo todo (nem sempre tão bom), e trouxeram ainda o mau português que se escreve por aí (péssimo). Temos de o olhar de frente, quando o vemos já não o podemos não ver. Se eu trocava as redes sociais por melhor português? Não, tiveram tempo de o aprender, e estão a tempo de o corrigir. Adiante.

Lemos frequentemente quem não percebe como funciona um hífen, mas hoje não é o que me leva a escrever. Não é esse erro, não menos grave, que abre esta série. Para escrever sobre o hífen, sou capaz de ter de beber qualquer coisa para rirmos um bocadinho. 

Há - por Belenos, vejo tantas vezes - quem escreva "saio" julgando, crendo, estar a dizer "saiu". E vice-versa. Juro, palavrinhadonra.

Mas como é que lêem, em "o teu filho saio ao pai", "ele saio agora mesmo", ou "já saio o novo episódio? ", "saiu"?! Ninguém sabe.

Saio é saio, o "a" aberto, o "i" discreto, e o "o" desmaiado. "Saiu" é foneticamente o oposto, o "a" sumido, um "i" imponente, e um "u" a dizer "eu estou aqui!".

Saio é presente saiu é passado. Saio é primeira pessoa do singular, saiu é terceira do singular.

Onde, onde conseguem ler "saiu" em "saio"? Quem sabe ler e escrever, tropeça ali. Por exemplo,  num elogio a um bebé: "saio mesmo à mãe!". Afinal quem é que sai à mãe do bebé? O próprio, o adulto que está a comentar? Ou está a anunciar,  num post ao calhas, que sai à mãe? Decidiu naquele momento, no nascimento de outro ser, gritar ao mundo o quão semelhante é à sua progenitora. Não, não foi isso, tenho quase - quase - a certeza. 

O mesmo se passa ao contrário: "hoje saiu às três", e fica-se ali a pensar "ah sim? Que bom. Mas quem...?", e é o próprio, claro, onde é que eu tinha a cabeça? Ou "Quando saiu à noite..." e uma pessoa fica: "quem e quando...?", a achar "lá me perdi na conversa outra vez, já não sei de quem falamos", e não é foi, ainda é, é presente. Não é fácil. 

Saio é saio. Saiu é saiu. Não consigo ler da mesma forma. E o erro não é meu, asseguro. 

Etiqueta e boas maneiras (é possivel que venha a actualizar-se)

Pi, 04.10.14

Ninguém sonha o que me enerva ler uma coisa em páginas de roupa, acessórios, calçado, tachos e panelinhas, bolsas para a praia, cursos e workshops e o que mais houver. Páginas todas fofas, pensadas com cuidado, delicadas, com comentários elogiosos, e lá no meio a pedrada, curta e à bruta:

- PREÇO???

Parem com isso, tenham maneiras. Ao menos contenham-se no excesso de pontuação. Embora chegar e dizer só "preço" me pareça indelicado na mesma. E fica a dica: regra geral as páginas (no caso do facebook) não conseguem enviar-vos mensagem, tomem a iniciativa de enviar vocês em vez de se enervarem, nem inventarem teorias de conspiração, sim? XOxox