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Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Da vida de Pi

Da vida de Pi... nilla. Vivo de ler e escrever. De ler escritas, de escrever leituras, de debater termos e criar frases. Aqui escrevo da vidinha. Vidinha de Pi, é isso.

Há muito disto quero crer

Pi, 07.07.14

Eu não sei se isto acontece muito a adultos, ou se sou eu que ainda trago comigo resquícios de adolescência - quer dizer, disso não tenho dúvidas, mas falo dos episódios disparatados como o que se segue. 

Chamemos-lhe Sónia. A Sònia trabalhava no mesmo edifício que eu, tinhamos amigos que tinham sido também colegas comuns. Sempre que a Sónia se cruzava comigo e um desses amigos comuns, parava a conversar, e ele apresentava-nos. Sempre. Porquê sempre, não é? Porque a Sónia fazia sempre o mesmo número. "Conheces a Marta..." e a sonsa... a Sónia, peço desculpa, "Não."

E isto podia passar-se em dois dias seguidos, ela fazia questão em mostrar. Não era distracção, não era não me reconhecer, era uma doença mental qualquer ou pura má criação. A coisa resolveu-se porque comecei eu a fazer que nem a via ali à minha frente.  

Eu sei que há pessoas que marcam logo, ninguém as esquece. Sei que não sou assim, mas também sei que não sou o Mr Celofane. Isto seria talvez o mesmo que o que acontecia no elevador onde tantas vezes um bom dia caía no vazio, já todos passámos por essa experiência. 

Seja como for, ainda ontem falava com o J, que tem sete anos, sobre "Olá, diz-se sempre, não é? Podemos até nem falar muito com toda a gente que está, mas olá dizemos sempre" e ele, sábio, concordou. Fiquei mais descansada por não ser um conceito em desuso. 

 

Numa outra nota: hoje vi a Soninha e os seus pés 45 fora das sandálias. XOxOXO 

3 meses sem Joaninha. Do triste da vida

Pi, 03.10.12

Não vou deixar o pior para o fim, esclareço já de entrada: a Joaninha morreu em julho. Assim, porque foi assim que nos desapareceu também. Ou assim parece: nada nos prepara, nada consola. Era minha colega, era da nossa equipa. A Joana marcou muita gente que a conheceu e isso é o que nos fica no meio da revolta de não podermos impedir a desgraça.

 

(Eu juro que quero passar o positivo, palavrinhadonra. Mas não é fácil.)

 

Eu não era a mais próxima da Joana (tenho saudades dos que eram, muitas) mas ainda a tenho bem presente, a maneira de andar, de ir a um lugar e voltar ao dela, a baixar-se ligeiramente para ser discreta enquanto sorria, do riso, das cantorias, das angustias.

Sempre me senti num big brother, não por ser observada, mas pelas horas que passamos juntos. No trabalho - e em open space então - estamos mais tempo uns com os outros do que com familiares e amigos de casa. E isso pode não significar fazermos amigos de casa, mas no caso da minha equipa gerou-se um ambiente que nos uniu e sejamos frontais, nos aguentou mais tempo do que seria de esperar. 

Havia quem revirasse os olhos quando se falava no bom ambiente, interessam os números e o resto é paisagem. Não é. Se não houvesse o ambiente no qual a Joana foi parte fundamental, tenho a certeza que teria havido mais rotatividade e mais cedo do que houve. Não tenho qualquer dúvida.

 

Toda a gente ali trabalhava, a questão nem nunca admiti que fosse essa, só conseguimos que fosse mais suportável um dia a dia mal pago e muitas vezes mal agradecido. 

Ficam-nos as memórias e as saudades. Ao dia 3 de cada mês, confortamo-nos com uma mensagem e lembrança da Joana. É o que importa no fim, que importa o resto. 

 

Esta fotografia é de janeiro, no almoço em que trocámos presentes e eu fui a amiga secreta da Joana.